Sr Carter Narrando — Então você foi manipulado, é isso que quer que eu entenda? — Cruzei os braços. — Porque se você quiser meu respeito de volta, vai ter que parar de se fazer de vítima.— Eu não sou vítima. Eu estou tentando mostrar que entendi. Que cresci. Mas parece que, pra você, eu nunca vou deixar de ser o moleque inconsequente.— Porque você ainda age como um. — Me aproximei, olho no olho. — Você quer o meu lugar um dia? Quer comandar isso tudo? Então aprenda a segurar a própria marra. O mundo dos negócios não perdoa escândalo, muito menos repetição de erro. Uma vez pode ser desatenção. Duas vezes é incompetência. Três... é burrice.— Eu não sou burro.— Então prove. — Apontei pro sofá. — Senta aí e me diz: o que você pretende fazer agora?Anthony hesitou, mas sentou. Passou as mãos no rosto, pensando.— Primeiro, vou atrás da Ana Kelly. Não pra pedir desculpas de novo, mas pra mostrar pra ela que estou disposto a me limpar de verdade. Cortar qualquer laço com o passado. Para
Anthony NarrandoDois meses. Bastaram duas malditas semanas pra minha vida virar um circo midiático.Acordei com o telefone tocando sem parar, mensagens chegando uma atrás da outra, e a merda escorrendo por todos os cantos. Primeiro foi um portal de fofoca. Depois, outro. Quando dei por mim, minha cara estava estampada em outdoor na Linha Amarela, entrando num motel barato com a modelo Larissa. Um flagra perfeitamente posicionado. Uma sequência de fotos que não deixava margem pra dúvida.O estrago tava feito.Eu sabia que Bárbara era capaz de jogar sujo, mas não imaginava que ela fosse ter peitø de me enterrar vivo. E Brenda... Ah, Brenda. Devia ter chutado aquela cobra antes de deixar ela se arrastar pela minha empresa. Eu subestimei. Agora, eu pago o preço. Mas como diz o velho, elas fica para um bem maior. Mas será que vale a pena.Cheguei na Carter com o peitø travado e os olhos ardendo de tanto não dormir. O segurança sequer me olhou nos olhos. A recepcionista tentou disfarçar, m
Anthony NarrandoDois meses. Bastaram duas malditas semanas pra minha vida virar um circo midiático.Acordei com o telefone tocando sem parar, mensagens chegando uma atrás da outra, e a merda escorrendo por todos os cantos. Primeiro foi um portal de fofoca. Depois, outro. Quando dei por mim, minha cara estava estampada em outdoor na Linha Amarela, entrando num motel barato com a modelo Larissa. Um flagra perfeitamente posicionado. Uma sequência de fotos que não deixava margem pra dúvida.O estrago tava feito.Eu sabia que Bárbara era capaz de jogar sujo, mas não imaginava que ela fosse ter peitø de me enterrar vivo. E Brenda... Ah, Brenda. Devia ter chutado aquela cobra antes de deixar ela se arrastar pela minha empresa. Eu subestimei. Agora, eu pago o preço. Mas como diz o velho, elas fica para um bem maior. Mas será que vale a pena.Cheguei na Carter com o peitø travado e os olhos ardendo de tanto não dormir. O segurança sequer me olhou nos olhos. A recepcionista tentou disfarçar, m
Ana Kelly Narrando Eu olhava pra ele, e por mais que meu corpo estivesse ali, inteiro naquela sala sufocante, a minha alma já tinha saído há dias. Talvez semanas. Talvez desde o momento em que vi aquela sequência de fotos rodando nos grupos de WhatsApp, nas redes sociais, nos sites de fofoca… no maldito jornal que ainda tremia nas minhas mãos geladas.Anthony Carter. O homem que eu defendi com unhas e dentes. Que eu acreditei quando ninguém mais acreditava. O mesmo homem que agora tentava manter uma postura de liderança, quando mal conseguia encarar os próprios fantasmas.A reunião seguiu fria, tensa, como uma tempestade prestes a desabar. O silêncio era o maior grito de todos. Quando ele finalmente falou que "as coisas iriam mudar", eu quase ri. Internamente, claro. Porque a mulher que um dia o amou profundamente, agora só enxergava promessas vazias. De novo.— A Carter precisa de pulso firme — ele disse, com aquele tom que misturava raiva, frustração e orgulho ferido.Eu conhecia a
Bárbara Narrando Eu sabia. Desde o momento em que Marcelo trouxe a ideia pra mesa, eu soube que daria certo. Brenda, claro, ficou meio insegura no começo — como sempre fica antes de fazer algo grande. Mas quando ela viu o olhar perdido da Ana Kelly depois da reunião, entendeu que a gente tinha vencido a primeira parte do jogo.Agora, sentada no restaurante chique do térreo, com uma taça de vinho na mão, eu quase não conseguia conter o riso enquanto revia, na minha mente, cada segundo do circo que armamos.— Vocês viram a cara do Anthony? — soltei, rindo de verdade dessa vez. — Parecia um moleque tomando esporro no meio do pátio da escola.— Ele perdeu a pose — Brenda disse, se ajeitando na cadeira, com aquele sorrisinho maldoso que eu adorava nela. — Doeu no ego. E doeu na frente de quem mais importa: os investidores e os diretores do conselho.Marcelo levantou a taça, brindando com a gente.— E o melhor é que ele nem pode culpar ninguém. Foi a própria queridinha dele quem fez ele su
Anthony Narrando Passei a chave na porta da minha sala, devagar, olhando por cima do ombro pra ter certeza de que ninguém tinha seguido a gente. Ana Kelly entrou primeiro, em silêncio, os olhos atentos como sempre. Assim que a trave girou, eu girei ela pela cintura e a empurrei devagar até encostar na parede. A expressão dela era firme, mas os olhos… os olhos entregavam tudo.— Você foi longe demais na reunião — falei, com a boca colada na dela, sentindo sua respiração quente contra a minha. — Aquilo me pegou de jeito. Eu senti uma opressão, Ana. Todos os olhares… parecia que eu tava nu naquela sala.Ela ergueu o rosto, com aquele ar debochado que me tira do sério.— Não era pra parecer verdade? Então eu fiz parecer. Tá com medo de sentir demais, Anthony?— Não estou com medo de sentir. Estou com medo de perder. — Aproximei ainda mais, roçando a boca na dela antes de selar um beijo que começou calmo, mas logo virou necessidade.Ela me puxou pela gravata, e logo estávamos misturados,
Karen Narrando A verdade é que meus últimos dias foram uma montanha-russa. Briguei com o Estevão de novo. O motivo? O mesmo de sempre: ele querendo que eu largue o café de vez. Disse que não faz sentido eu continuar lá, que a gente já poderia estar morando junto, que ele já tem tudo pronto. E eu entendo, juro que entendo. Mas eu tenho meu tempo. E ele, com toda a paciência do mundo, ainda fica.No fim das contas, nossas brigas sempre começam com gritos e terminam entre lençóis, suados, ofegantes, como se a raiva só acendesse mais a nossa vontade. Eu amo provocar ele por causa disso. Esse homem me tira do sério e do juízo, mas me leva direto pro céu também.Acordei na casa do Estevão hoje. O sol já espiava pela cortina e o cheiro do corpo dele ainda grudado no meu. Estevão se espreguiçava do meu lado, aquele olhar preguiçoso que só ele tem.— Tá na hora de levantar, mulher. — ele falou, rindo. — A gente vai se atrasar, e se eu não chegar na reunião dos Carter no horário, vão achar que
Estevão Narrando Cheguei na casa dos Carter no meio da manhã, já com aquele cheiro de café fresco invadindo a sala e Dona Antonella organizando a mesa com frutas, biscoitinhos e bolos como se fosse um café colonial. Eles sempre foram assim, tradicionais, mas quando o assunto é proteger os seus, viram leões. E dessa vez, a matilha tava unida.Anthony abriu a porta com aquele olhar de quem já tava com a cabeça fervendo. Ana Kelly estava sentada na poltrona, elegante como sempre, mas com os olhos atentos, analisando cada movimento. Senhor Carter veio logo atrás, com a testa franzida, mas quando me viu, abriu aquele sorriso cansado.— Chega mais, Estevão. Hoje o papo é reto — ele disse.— Já imaginei — respondi, sentando no sofá. — A empresa tá um caos por fora, mas aqui dentro vocês parecem uma equipe de espionagem.Anthony deu uma risada curta, mas ainda séria.— É exatamente isso. A gente tá jogando com o inimigo dentro da trincheira. E pra ganhar, precisa de sangue frio.— E coragem