Enquanto Ravi subia as escadas, a respiração ofegante ecoando no vazio do corredor…
No salão abaixo, sete agentes disfarçados de garçons surgiram como sombras, posicionando-se ao lado de Helena. Em minutos, os homens de Viktor Petrova caíam um a um. Mas nem todos se renderam: dois fugiram para a cozinha, e o tiroteio explodiu em rajadas curtas e mortais.Helena, com o distintivo da Interpol erguido, gritou para a multidão aterrorizada:— Polícia internacional! Abaixem-se e fiquem imóveis!Um tiro raspou seu ombro, estilhaçando o espelho atrás dela. Sem piscar, ela apontou para dois agentes:— Kay, Marlon! Protejam os civis! Ninguém sai até meu aviso!Com um gesto brusco, ordenou ao resto da equipe:— Acabem com essa festa! — E avançou em direção à cozinha, os passos sincronizados com os tiros que ecoavam.Quando o último capanga de Viktor caiu, Helena sabia: o verdadNaquele momento, Gabriel surgiu. A ventania gelada gerada pelo motor do helicóptero colava suas roupas ao corpo. A neblina reduzia a visibilidade a quase nada — só um louco como Viktor arriscaria voar naquele caos, pensou ele. Mas agora, aquela era sua única saída. Quando os olhos de Gabriel se ajustaram, avistou Malú e Ravi escondidos atrás de uma estrutura metálica. Ravi, com o braço esquerdo ensanguentado e o rosto pálido de exaustão, ainda mantinha os homens de Viktor sob fogo. O policial que o acompanhava jazia no chão, vítima de um tiro fatal. Do outro lado, Helena e dois colegas disparavam contra os capangas. Ela gritava por reforços, mas os policiais restantes estavam ocupados nos andares inferiores. Gabriel sabia que a ajuda demoraria — e Viktor tinha números a seu favor. Foi então que Viktor surgiu das sombras. Antes que Gabriel pudesse gritar, um tiro ecoou. Ravi caiu de joelhos, as mãos pressionando o peito.
Dois meses se passaram desde aquela noite fatídica em Gramado. O cenário sombrio da festa, a morte de Viktor e a turbulência emocional que se seguiu haviam deixado marcas profundas. Agora, porém, a calmaria começava a despontar no horizonte. Malú, Ravi e Olga — que há muito deixara de ser apenas a ex-babá de Malú para se tornar uma figura materna tanto para May quanto para ela — encontravam, enfim, paz na mansão de Ravi. A residência, com seus jardins amplos e atmosfera acolhedora, era um refúgio após meses de caos. Os dias seguintes à queda de Viktor foram marcados por depoimentos intermináveis, batalhas jurídicas e a luta para reconstruir o que fora destruído. Malú mergulhara de cabeça na recuperação de tudo o que pertencia a ela e a May por direito: a fortuna roubada por Viktor, às propriedades da família Petrova e a Zenit Motors, a renomada fábrica de carros que era o legado de gerações. O processo foi exaustivo. Malú viajava constantemente entre
Depois de mais alguns momentos aconchegados, Malú levantou-se ainda enrolada nos lençóis e dirigiu-se ao banheiro, anunciando: — Agora vamos logo, Ravi. Quero descer para ajudar Olga com a May. — A voz dela transbordava entusiasmo. — Ela está na fase de encharcar todo mundo com comida! Ontem, eu soube que ela cobriu a Olga de papinha e ainda achou graça! Ravi sorriu enquanto a via desaparecer no banheiro. Ambos adoravam tomar banho juntos – hábito que cultivavam desde o início da convivência. Ele especialmente se deliciava em fazer amor com Malú na banheira ou sob o chuveiro, sentindo o corpo dela deslizar contra o seu enquanto a água quente escorria sobre ambos. Aquilo superava até seus sonhos mais ousados. Mas, por ora, conteve-se. Sabia que precisaria adiar os desejos. Afinal, passaram vários dias na Rússia, e a pequena May ficara para trás – o frio intenso levara Malú a deixá-la sob os cuidados de Olga. Na noite em que retornaram ao Bra
O jantar começou em um clima de expectativa e magia. No horário combinado, o motorista da mansão chegou para buscar Malú. Enquanto o carro avançava pelas ruas iluminadas de Goiás, seu coração acelerava, ansioso para descobrir o que Ravi havia planejado. Ao chegar ao destino, Malú viu Ravi parado na entrada do restaurante, visivelmente ansioso. Ele estava impecável em um terno escuro, com aquele sorriso que a conquistara desde o primeiro encontro — mesmo quando ela temia o mundo inteiro. Malú lembrava como aquele sorriso equilibrava sensualidade e doçura, lhe transmitindo uma incrível e aquecedora sensação de refúgio e segurança. Agora, ao aproximar-se dele, entendia plenamente por que se rendera: ali estava sua paz. E naquele momento, o sorriso dele transbordava admiração ao vê-la descer do carro. Ravi aproximou-se imediatamente, segurando sua mão com firmeza carinhosa: — Não tenho palavras para descrever sua beleza esta noite, princes
Enquanto Ravi beijava Malú, ela deixou escapar pequenos gemidos que incentivaram ele a aprofundar o beijo. Ele a ergueu no colo com facilidade, enquanto ela o abraçava pelo pescoço, seus lábios recusando-se a se separar. Com cuidado, Ravi a levou até a cama, deitando-a suavemente sobre as pétalas. Seus dedos traçaram o contorno do rosto dela, os olhos capturando cada detalhe como se fosse a primeira vez. Malú, entregue ao momento, deslizou as mãos para os botões do paletó e da camisa dele, desabotoando-os com lentidão deliberada. Os músculos tensos e quentes sob suas mãos fizeram seu coração acelerar. Ravi, por sua vez, deslizou o zíper do vestido, deixando o tecido escorregar pelos ombros dela. Parou por um instante, a respiração entrecortada, para admirá-la. — Você é perfeita, Malú. Sempre será. Ela sorriu, o rosto levemente corado, e o puxou para mais perto. Seus toques eram uma mistura de amor e desejo, como se cada carícia fosse
Ao amanhecer, após acordarem, Ravi e Malú voltaram para a mansão. Ao chegarem, foram recebidos com sorrisos pelas empregadas Gabriela, Fernanda e Camila, a governanta, e Olga — que havia sido avisada por Ravi de que o casal só retornaria no dia seguinte — desconfiavam que ele preparara uma surpresa especial. Assim que entrou, Malú compartilhou a novidade: — Ravi me pediu em casamento! Estamos noivos! As empregadas explodiram em alegria, abraçando o casal. Olga chorou de felicidade, emocionada por ver Malú finalmente segura e longe das sombras do passado. Malú abraçou-a e beijou seu rosto, agradecendo por tê-la guiado até alguém como Olga, que sempre lhe oferecera amor incondicional. — Vamos planejar o casamento! — sugeriu Gabriela, animada. Ravi, sorrindo, deu um beijo no rosto de Malú e disse: — Preciso contar ao Heitor que tudo foi perfeito. E também quero avisar toda a família Castellani. <
Muitos dias depois da noite em que Ravi fez o pedido, Diana e as irmãs dele começaram a ajudar Malú a escolher os detalhes do casamento: decorações, igreja... Ela queria que fosse na mesma catedral onde seus pais se casaram. Marcaram a data para três meses depois, embora Ravi desesperadamente quisesse reduzir para um mês. — Um mês é pouco demais para tanta coisa — disse Malú, rindo, enquanto se levantava do sofá. — Além disso, não entendo tanta pressa. Já está tudo certo, meu querido. Ravi puxou-a pelo braço, fazendo-a sentar em seu colo: — Minha pressa, linda, é que, com os preparativos, você fica tão ocupada que esquece de mim. Nem me deixa tocar em você direito — murmurou, os dedos acariciando seu queixo. Malú segurou seu rosto com as mãos, brincando: — Como você é carente, amorzinho! Dona Diana te mimou demais, sabia? Ele riu, su
Assim como Gabriel havia prometido a todos, após algumas semanas, voltou ao Brasil. A primeira pessoa que foi visitar foi Malú. Ele estava ansioso para vê-la e saber como ela e May estavam — e, principalmente, descobrir o que Breno Ramírez queria na casa dela. Alguns dias antes de sua volta, Malú contara sobre a visita surpresa de Breno. Gabriel ficara intrigado. Não via ou falava com o pai há quase dois anos, desde a briga que tiveram antes dele começar a procurar por Malú. Não fazia ideia do que Breno queria. Agora, estava diante de Malú, exigindo saber o que o pai dissera. Ela contou tudo, detalhe por detalhe, deixando Gabriel perplexo. — Breno disse que realmente amava nossa mãe? — perguntou ele, incrédulo. — Foi o que afirmou — respondeu Malú. — Disse também que não me levou embora porque não suportaria ver nossa mãe sofrer. Mas, é claro, não acreditei. Só não entendo por que quer se aproximar agora. Será que só deseja me atormentar? Gabriel balançou a cabeça, pensativo