Patrícia acordou com o corpo ainda aquecido pela lembrança da noite anterior.
Não havia aquele sobressalto conhecido, aquela pergunta automática que costumava surgir depois da intimidade: o que isso muda?
Dessa vez, a sensação era outra.
Continuidade.
Ela permaneceu alguns minutos deitada, observando a luz da manhã entrar tímida pela janela. Enzo ainda dormia ao lado dela, o rosto relaxado, a respiração tranquila. Não havia tensão no ar. Nenhuma urgência escondida. Apenas o silêncio confortável de quem não precisa fugir do que viveu.
Miguel chorou baixo no quarto ao lado, como um lembrete gentil da realidade que não competia com o romance. Patrícia se levantou devagar, vestiu o robe e foi até o filho. Pegou-o no colo com naturalidade, sentindo o peso pequeno se acomodar contra o peito.
— Bom dia — disse, sorrindo. — Você perdeu nada… e ao mesmo tempo ganhou tudo.
Enquanto cuidava dele, percebeu algo importante: não sentia culpa. Nem por ter desejado. Nem por ter se permitido. Nem por