Na véspera da nossa Cerimônia de Acasalamento, meu companheiro, o Alfa Damien, me disse que precisava marcar temporariamente uma Ômega da nossa alcateia, Seraphina. Alegou que ela sofria da Doença da Lua e que morreria se ele não a marcasse. Eu lutei contra aquilo, mas no dia seguinte, ele levou Seraphina direto para a cobertura da Casa da Alcateia. A suíte reservada para a futura Luna. A minha suíte. Para me acalmar, ele até se ajoelhou, os olhos vermelhos ao prometer: — Assim que ela estiver segura, removo a marca. Você continuará sendo a minha única Luna. Mas então, Seraphina me procurou com um exame médico nas mãos. Seis semanas de gravidez. Eles já tinham realizado a cerimônia de marcação muito antes de Damien vir falar comigo. Meu coração se despedaçou em cinzas. Enterrei a caneta no calendário, riscando com fúria um X sobre a data que deveria ser a nossa Cerimônia de Acasalamento. Em seguida, abri o notebook e respondi ao e-mail da Guilda Europeia de Curandeiros de Laurel: "Aceito o convite. Parto no dia da Cerimônia de Acasalamento."
Ler maisPonto de Vista de Isla— Sim.Minha resposta deixou todos na sala atônitos.— Isla? — Ethan me olhou, com a pergunta evidente em seus olhos.— Se você quiser ir, pode ir. — Falei para Damien. — Mas só para assistir.Um brilho tênue surgiu nos olhos de Damien. — Obrigado.Na manhã seguinte, o médico autorizou Damien a sair do hospital por algumas horas.— Mas não por muito tempo. — Advertiu ele. — O veneno de prata ainda não saiu completamente.Ethan enviou um convite formal e um broche cerimonial de pedra da lua.Foi a mais alta demonstração de cortesia para um convidado.Às três da tarde, a cerimônia começou.O local era à beira da mais antiga Fonte da Lua, na Suíça.Estávamos cercados pelos Alpes, cujos picos nevados reluziam sob o sol.A água da fonte era clara como um espelho, brilhando com uma luz prateada suave.Eu usava um vestido cerimonial branco tradicional e uma coroa de flores de louro.Ethan vestia um traje azul-escuro de Alfa, com o brasão dourado da Alcate
Ponto de vista de IslaO tempo desacelerou até quase parar.O brilho da prata.O rosnado do agressor.E então, um borrão de movimento.Um cheiro que eu conhecia melhor do que o meu próprio.— Isla!A palavra soou como uma prece desesperada quando o corpo de Damien colidiu com o meu, me protegendo.A lâmina amaldiçoada, banhada em beladona prateada, afundou profundamente em seu peito com um som repugnante.— Não!Ele caiu nos meus braços, o sangue empapando sua camisa branca quase instantaneamente.O veneno prateado começou a se espalhar, sua pele perdendo a cor diante dos meus olhos.— Damien! — Eu o segurei com força, minhas mãos tentando desesperadamente canalizar minha energia de cura, lutando contra o veneno, enquanto minha voz tremia de pavor. — Por que você?— Corra... — Ele engasgou, sangue borbulhando em seus lábios. — Eles... vão voltar...Os dois agressores, claramente renegados pelo cheiro, congelaram. Seus rostos empalideceram ao reconhecerem Damien.— Alfa!
Ponto de vista de Isla— Já é tarde demais. — Eu disse, olhando para Damien, que ainda estava parado diante de mim como um suplicante.— Durante cinco anos, você nunca me amou de verdade. — Comecei, enumerando seus pecados, um por um.— Você nunca me trouxe sequer uma pedra-da-lua, o símbolo mais simples de afeto entre companheiros, e ainda acreditou que era uma formalidade desnecessária.— A minha paixão, o meu dom... você menosprezou como se fosse um passatempo inútil.— Você profanou o rito mais sagrado da nossa espécie, um laço abençoado pela própria Deusa, por causa de uma mentira vil e manipuladora.Cada palavra era como uma lâmina de prata cravando-se em seu coração.— Eu... Eu achei que nada disso importava...— Certo. Não importava para você. — Falei, encarando-o de cima. — Porque você achava que eu era sua posse. Achava que eu nunca iria embora.— Vou deixar algo bem claro, Damien. — Minhas palavras eram afiadas como navalhas. — Você não está de luto por nós. Está de
Ponto de Vista de Isla— Eu não preciso salvar meu ex-companheiro.Minha voz soou límpida como cristal no salão silencioso.O rosto de Damien perdeu toda a cor.— Vamos. — Disse eu, pegando a mão de Ethan e me virando para sair.— Espera! — Damien gritou atrás de nós, a voz quebrada pela urgência. — Por favor, só me dê uma chance!Não olhei para trás.Ethan me levou até a casa dos meus pais.— Você está bem? — Perguntou ele, a voz cheia de preocupação.— Estou. — Respondi, observando as luzes da cidade passarem pela janela. — Só não esperava vê-lo.— Se não estiver se sentindo confortável, a gente pode voltar pra Suíça antes.— Não. — Falei, virando-me para ele. — Não vou deixar ninguém mudar meus planos.Ethan sorriu com doçura.— É por isso que eu te amo.Ele parou em frente à casa dos meus pais, e eu lhe dei um beijo suave na bochecha antes de descer do carro.No momento em que abri a porta, congelei.Havia alguém sentado na sala de estar.Damien.— Isla! — Disse m
Ponto de Vista de IslaDois anos depois.Eu estava de volta a Nova York.Não por Damien, mas para participar da Cúpula Global de Curandeiros Sobrenaturais.Esse era o auge da minha carreira.— Isla! — Chloe correu até mim e me abraçou. — Deusa, você está maravilhosa!Era verdade. Eu havia mudado.Dois anos de pesquisa elevaram minhas habilidades a um novo patamar.Eu era agora a Mestra-Curandeira mais jovem da história da Guilda.Mais importante que isso: eu tinha encontrado a paz.— E quem é esse “nós”? — Chloe perguntou, arqueando as sobrancelhas com malícia.Me virei bem na hora em que Ethan se aproximava.Estava deslumbrante em um terno preto perfeitamente ajustado, com o sorriso caloroso de sempre.— Este é Ethan. — Falei com a voz firme e clara, enquanto segurava a mão dele. — Meu parceiro de pesquisa... e de vida. Meu companheiro escolhido.Chloe olhou de mim para ele, e um brilho cúmplice surgiu em seus olhos.— Vocês dois...— Sim. — Respondi, apertando a mão d
Ponto de vista de DamienUma hora depois, invadi o resort.Seraphina estava deitada na cama, lendo.Seu rosto se contorceu em pânico quando me viu.— Damien? O que você.— A Lua de Sangue. — Interrompi. — Cinco anos atrás.Seu rosto ficou branco como papel.— O que... o que você está dizendo?— Quem. Me. Salvou? — Cuspi, palavra por palavra.— Fui eu, é claro... — Sua voz tremia.— MENTIROSA! — Rugi. — Eu vi o cristal de memória!O livro de Seraphina caiu no chão.— E-eu também ajudei... — Balbuciou. — Nós te salvamos juntos...Aproximei-me dela, encarando os olhos que um dia achei tão bondosos.Agora, tudo o que via era medo e mentiras.— Você sabia que ela quase morreu pra me salvar?— E-eu não sabia que ela ia usar tanta...— Você sabia! — Minha voz virou gelo. — Você sabia que ela me amava, sabia que faria qualquer coisa pra me salvar, e mesmo assim deixou ela ir primeiro! E depois fez questão de ser a primeira pessoa que vi quando acordei.Toda a verdade repulsiv
Último capítulo