Capítulo 8
— Não vou pedir desculpas.

Minha voz cortou o burburinho da multidão.

Damien congelou. — O que você disse?

— Eu disse que não vou pedir desculpas.— Apontei para um prédio próximo. — Há um cristal de memória de segurança naquele prédio. Ele grava tudo. Que tal revermos as imagens?

A cor sumiu do rosto de Seraphina.

— Não... não precisa. — Disse ela com a voz fraca. — Deve ter sido só um acidente...

Mas suas palavras foram interrompidas por um gemido de dor.

— O rebote de energia! — Ela levou a mão ao peito, o rosto ainda mais pálido. — A energia de repulsão da árvore de louros está forte demais!

Damien a pegou nos braços no mesmo instante.

— Aguente firme. Vou te levar para os curandeiros.

Ele atravessou a rua correndo em direção ao centro de cura, sem sequer olhar para trás.

A multidão começou a se dispersar, mas os sussurros permaneceram.

— Essa Isla é tão fria...

— A pobre garota está grávida e ferida, e ela nem pediu desculpas.

— Não é à toa que o Alfa prefere a meiga.

Fiquei parada, encarando a direção do centro de cura.

Então me virei e fui embora.

...

No dia seguinte, era o último antes da cerimônia.

Pela manhã, despachei toda a minha bagagem.

Tudo o que restava era uma mochila pequena com o essencial e minha passagem de avião.

O voo era às três da tarde.

Às dez da noite, Damien finalmente voltou.

— Como está a Seraphina? — Perguntei.

— Estável. — Respondeu ele, com a voz gélida. — O curandeiro da alcateia disse que, se ela não tivesse chegado a tempo, poderia ter perdido o filhote.

— Que bom.

Damien veio até mim com passos firmes, a raiva ainda ardendo no olhar.

— Na cerimônia de amanhã. — Ordenou, com a voz sem espaço para discussão. — Você vai pedir desculpas publicamente a ela.

— Que cerimônia?

— Nossa cerimônia de Acasalamento. — Ele franziu a testa. — Esqueceu-se?

Olhei para ele e, de repente, senti vontade de rir.

— Você realmente acha que vai haver uma cerimônia?

— É claro que vai. Já avisei todos os Anciãos. — O tom de Damien se tornava cada vez mais impaciente. — Pelo bem da honra da alcateia, você precisa ser a pessoa madura.

Seu celular tocou de repente.

— Damien, eu não estou me sentindo bem. — Disse a voz de Seraphina pelo viva-voz. — Pode vir ficar comigo?

Damien se levantou na hora. — Estou indo agora.

Pegou o casaco e foi até a porta.

— Nove da manhã amanhã. Não se atrase. — Ordenou, sem olhar para trás. — A cerimônia vai acontecer como planejado.

Assim que a porta se fechou, deixei o silêncio tomar conta.

Então, falei para o quarto vazio, cada palavra um voto final, libertador:

— Eu, Isla, rejeito você, Damien.

Ele já tinha ido embora.

...

Esperei até de manhã.

Sentada à mesa de jantar, peguei o calendário marcado com a data da cerimônia.

Com uma caneta vermelha, escrevi no dia de hoje:

O Vínculo foi rejeitado.

Depois peguei minha mala e saí do lugar que um dia chamei de lar.

A caminho do aeroporto, enviei uma única mensagem ao Ancião-Chefe:

Inicie o Ritual de Rompimento. A Cerimônia de Acasalamento está cancelada.

Às 9h30 da manhã, meu avião já estava no ar.

Abaixo de mim, a cidade, a alcateia, meu passado, ele encolhia até ser engolida pelas nuvens.

Imaginei Damien naquele momento.

Provavelmente já teria chegado ao altar sagrado.

Vestido com seus trajes mais nobres, esperando por sua noiva.
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