Celina Alves
Ana estava na cozinha, arrumando os armários quando entrei, já faminta. O cheiro de comida no ar só reforçava a minha vontade de beliscar algo. Me aproximei devagar e perguntei:
— Onde tem alguma coisa que eu possa comer?
Ela se virou rapidamente, um pouco surpresa.
— Pode deixar que logo servirei a senhora!
— Não precisa, não. Pode deixar que eu mesma me sirvo, é só dizer onde estão as coisas — respondi com um meio sorriso.
— O que a senhora quer comer? Tem tudo aqui na geladeira — disse ela, apontando com a cabeça.
Fui até a geladeira, abri e peguei o básico: pão de forma, presunto e queijo. Preparei o sanduíche exatamente como gostava. Encontrei um suco e me servi, sentando ali mesmo, sem frescura. Enquanto comia, percebi o olhar estranho de Ana sobre mim. Franzi a testa. Provavelmente aquele homem já deve ter feito a minha caveira por aqui. Lorenzo é tão bom nisso quanto em esconder os próprios sentimentos.
Ridículo.
Terminei meu lanche, lavei o que sujei e me