Na cafeteria tranquila, sentei frente a frente com Eduardo. Entre nós, um abismo invisível.
O garçom trouxe as bebidas e o pão.
Só então ele quebrou o silêncio:
— Se a Luísa for o motivo pelo qual você quer me deixar, eu posso mandar ela embora.
Tirou a carteira do bolso. Lá dentro, uma foto dele com Luísa.
Ela parecia uma estudante. O ventre levemente inchado.
A voz dele saiu rouca, quebrada:
— Eu era jovem e inconsequente. A Luísa tinha acabado de entrar na faculdade... e já estava grávida.
— Eu queria me casar com ela. Mas naquela época, a família Monteiro estava em decadência. Minha mãe não permitiu. Queria me unir a outra casa, ser genro de conveniência, sem dignidade.
Abaixou a cabeça:
— Foi ela quem obrigou Luísa a fazer o aborto. Depois mandou ela estudar fora.
Ficou um tempo em silêncio.
— Eu falhei com ela. Quando voltou, só pensei em compensar ela. Mas acabei ferindo você.
Pegou o celular e abriu as imagens da câmera de segurança da casa.
— Quando você estava no hospital, a