CAPÍTULO 2

O rugido dos motores preenchia o ar enquanto os convidados se amontoavam na arquibancada tentando conseguir bons lugares para assistir à corrida. Eu estava em pé no topo da arquibancada, buscando a melhor vista da pista. Meus olhos estavam fixos em Ardian, observando cada movimento enquanto ele colocava o capacete e ajeitava a jaqueta antes de subir na moto. Kalen já estava dando voltas pela pista com a versão mais casual da moto que eles haviam projetado, exibindo uma performance mais intermediária.

Meu celular não parava de vibrar com chamadas e mensagens, mas eu não queria perder um único segundo da apresentação de Ardian. Quando Kalen estacionou a moto ao lado dele na última volta, Ardian deu partida e cruzou a pista em uma velocidade absurda. A moto parecia um raio, e o público mal conseguia acompanhar com os olhos.

Eu sabia o quanto aquilo significava para os dois. Era a realização de anos de trabalho duro. E mesmo que eu não fizesse parte daquele processo, eu não conseguia evitar de me sentir orgulhosa.

– Kalina, você está babando. – A voz de uma das ficantes do Kalen me arrancou dos pensamentos.

– E você está me distraindo. – Respondi sem nem tirar os olhos da pista.

Eu não me dava bem com esse tipo de garota. As que o Kalen gostava eram o mesmo tipo que o Ardian parecia preferir, e meu ciúmes falava mais alto. Mas eu não estava babando. Eu estava observando, tentando achar uma brecha, um momento certo, algo que me permitisse dar o próximo passo.

Eu precisava me declarar. Precisava dizer tudo de uma vez. Ou passaria o resto da vida me achando covarde.

A corrida acabou, e eu desci da arquibancada com o coração acelerado. O ar parecia carregado de adrenalina e o cheiro de combustível e borracha queimada era quase reconfortante. Respirei fundo, tentando acalmar meu peito.

Ardian e Kalen estavam cercados por gente curiosa, investidores, amigos, repórteres talvez. Todos querendo saber mais sobre as motos, os motores, a tecnologia. Era um caos organizado.

Kalen foi o primeiro a escapar da multidão e veio até mim.

– Estou te avisando... – disse, sério, com o capacete debaixo do braço. – Eu te conheço bem o suficiente pra saber que você está prestes a conseguir a maior humilhação da sua vida. Por escolha própria, aliás.

– Eu gosto do seu otimismo, maninho. – Ironizei, cruzando os braços.

– Eu sou realista, Kalina. – Ele suspirou. – Você sabe que o Ardian não sente nada por você. Mas insiste nessa maluquice. Parece uma criança obcecada.

– Eu não posso tentar? – Olhei nos olhos dele, sentindo um gosto amargo na boca.

– Certo! Vai lá! – Ele fez um gesto desdenhoso. – Mas não vem bancar a vítima depois.

Desviei o olhar, voltando meus olhos para Ardian. Ele ainda estava com aquele jeito tranquilo, falando com alguns caras, rindo de algo.

E eu... Eu estava começando a duvidar de mim. Kalen não era rude sem motivo. Ele estava tentando me poupar.

Mas eu não era do tipo que desistia fácil. Eu acreditava em esforço. Em coragem. Em fazer o que precisa ser feito. Amar alguém e nunca ter dito nada... Isso sim seria covardia.

– Eu sei. – Murmurei, mais pra mim do que pra ele.

– O que? – Kalen me olhou, confuso.

– Eu sei que você está certo. – Passei a mão no cabelo. – Mas eu preciso que ele me diga que é hora de desistir. Porque eu... eu não consigo fazer isso sozinha.

Ele me encarou por um momento e então desviou o olhar, com um suspiro.

– Eu vou estar por perto. – Disse, tentando soar debochado, mas a preocupação estava presente na voz dele.

Assenti em silêncio e caminhei até Ardian. Esperei ele terminar de conversar antes de me aproximar.

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