POV Caleb
Os dias passaram e eu não saía do quarto. O cheiro de comida intocada pairava no ar, uma lembrança constante da insistência inútil dos criados para que eu me alimentasse. Apenas abria a porta para pegar as bandejas, apenas para deixá-las intactas. O peso do silêncio me esmagava, e a escuridão do quarto se tornava uma extensão da minha própria mente.
As noites eram piores. Eu fechava os olhos e via Enrica. Via o sangue manchando sua pele, o medo em seus olhos, sua respiração trêmula sob meu toque. Meu corpo reagia de formas que eu odiava admitir. Eu queria segurá-la. Queria senti-la de novo, sem violência, sem o instinto bruto que me transformava em fera. Mas era tarde demais. Ela deveria me odiar. E se não odiasse, era só uma questão de tempo. Porque eu já me odiava.
Então, certo dia, a porta se abriu abruptamente. Oliver e Samuel entraram antes que eu pudesse reagir. A luz do corredor invadiu o quarto escuro, forçando-me a cerrar os olhos por um instante. O cheiro do castelo