IVY CARTER — Até mais, Ivy. — disse Dante, beijando levemente minha testa em um gesto carinhoso. Era mais um beijo fraternal do que qualquer outra coisa. Gostei de passar tempo com ele. Dante é um cara legal, fácil de gostar. — Lá vamos nós de novo... mais um dia difícil começando. — Entrei na sala de aula. Honestamente, sou capaz de qualquer coisa só para sair daqui. [...] Cheguei às indústrias Wolfe. Peguei o elevador até o último andar, onde ficava meu escritório. Tentei me manter ocupada, atrasar um pouco o inevitável. Mas sei que não vou conseguir evitar por muito tempo. Em breve, terei que encarar Aiden Wolfe, meu chefe, também conhecido como a tempestade ambulante da minha vida. Coloquei minha bolsa na minha cabine, respirei fundo e caminhei até a porta dele. Bati levemente. — Entre. — respondeu ele, com a voz abafada. Abri a porta e entrei com cautela. — Senhor, o senhor tem um almoço agendado com o Sr. Handrickson. Será para discutir a aprovação do nov
AIDEN WOLFE O relógio marcava 10h47.A única coisa que se ouvia no meu escritório era o som da minha própria respiração pesada. A sala estava vazia, silenciosa, exceto pelo barulho do gelo dentro do copo de uísque, o terceiro da tarde. Ou seria o quarto?Joguei o líquido amargo garganta abaixo, sentindo a ardência se espalhar como fogo, mas era um fogo inútil. Nada queimava mais do que a imagem dela me deixando hoje cedo para ir com outro homem.— Estúpido... — murmurei para mim mesmo, me jogando contra a cadeira de couro. — Você é um idiota completo, Aiden. Um idiota que acreditou que ela era diferente.Ivy Carter. O que tem em você que chamou minha atenção?Afastei os papéis da mesa com um movimento brusco e encarei o vazio. Minha visão começava a embaçar, mas isso não me impediu de continuar.— Ela é igual a todas. Igualzinha... — falei alto, batendo o copo contra a mesa com força. — Primeiro, diz que não quer nada. Mas no final? Todas elas querem o mesmo. Um pedaço da minha cont
IVY CARTER Eu não fazia parte da família dele, e, sinceramente, nem sabia onde sua família estava. Na verdade, não havia ninguém a quem eu pudesse recorrer. Talvez algum funcionário antigo soubesse de algo, mas isso teria que esperar. Antes de tudo, eu precisava me livrar dessas roupas que cheiravam fortemente a uísque.Saí do hospital depois de escutá-los repetirem pela milésima vez: “Apenas para familiares.”Infelizmente, eu não era uma. Nem ao menos conhecia alguém que fosse.Chamei um táxi e informei meu endereço atual. Assim que cheguei em casa, fui direto para o chuveiro. Deixei a água escorrer por mim como se pudesse lavar o medo e o desespero que me cercavam. Vesti uma roupa limpa, confortável, e comecei a revirar a casa, procurando qualquer número, qualquer contato que me ajudasse a encontrar alguém próximo a ele. Mas não havia nada. Ninguém nos contatos do telefone. Ninguém que eu conhecesse. Apenas um número listado como “Emergência”.Engoli em seco. Respirei fundo. E disq
— Oi. — murmurei ao me sentar na cadeira ao lado da cama do hospital.Aiden receberia alta no dia seguinte, e tudo o que eu vinha fazendo era correr entre o hospital e o escritório, incansavelmente. Ele não fazia uma única pausa. Precisava descansar, mas não ouvia ninguém. Nem mesmo a mim.— Aqui está o relatório do projeto do Hotel Paradise que o senhor pediu. — entreguei os papéis e respirei fundo. — E marquei uma videoconferência com o cliente na China. Ele vai ligar às seis da tarde.Ele transformou o quarto de hospital em seu escritório particular, ignorando recomendações médicas, ignorando qualquer apelo. No fim, todos desistiram. E eu... eu só tentei aliviar o fardo que ele mesmo se impunha.— Preciso fazer mais alguma coisa, senhor? — perguntei, tentando manter a compostura.— Você dormiu? — perguntou ele, de repente, me pegando de surpresa.— Dormi aqui ontem à noite, depois que o senhor pegou no sono. — respondi, baixando o olhar.Aiden franziu a testa, incomodado. Empurrou
Na manhã seguinte, Aiden recebeu alta. Disseram que ele precisaria ficar de repoudo pelas próximas duas semanas. Como a boa “namorada” que sou, ou talvez apenas uma tola sentimental, prometi cuidar dele. Empurrei sua cadeira de rodas até o carro e o ajudei a se acomodar. Levei-o para a casa dele. Sim, a dele. Eu já tinha decidido: estava na hora de me mudar. Iria voltar a morar com a Nora.Quando Nora descobriu sobre o contrato, ficou furiosa. Murmurou algumas palavras bem picantes sobre Aiden, que preferi ignorar. No elevador, ajudei-o a subir sem que trocássemos sequer uma palavra. Ótimo. Porque, se ele dissesse algo, talvez eu perdesse o controle e acabasse socando aquele rosto irritantemente bonito.Com cuidado, ajudei-o a deitar-se na cama. Ele resmungou algo incompreensível.— Pare de ser um bebê. — resmunguei de volta, arrancando-lhe os sapatos e retirando os amortecedores. Coloquei seus pés sobre a cama. — Aqui está o seu remédio. — acrescentei, entregando o comprimido na palm
IVY CARTER Aviso: Capitulo contém cenas sexuais sem consentimento. SEMANAS DEPOISAcordei em uma cama vazia, isso virou um hábito, mas ainda é estranho. Ainda estou cuidando do Aiden, porque, sendo o rei da teimosia que ele é, não é surpresa que ele tenha ficado mal-humorado o dia todo. E tentado beber uma ou duas vezes, mas eu o peguei.Levantei e fui para a cozinha. Ainda sou sua empregada. Não foi surpresa ver roupas de mulher espalhadas por todo lugar. Alguém se divertiu muito ontem à noite...Preciso encontrar um novo hobby em vez de ficar cuidando desse bruto, ou este será meu último emprego e vai deixar meus cabelos grisalhos de preocupação.Preparei o café da manhã para o “grande e poderoso” e para quem quer que seja. Depois, dei uma olhada na agenda dele e organizei uma teleconferência com todos os chefes de departamento. Ele está de cama há mais de duas semanas porque tentou se embebedar de novo e teve que ir outra vez para o hospital. Bem feito para ele por não ter se cu
AIDEN WOLFE Elas não significavam nada. Nenhuma daquelas mulheres, por mais bonitas, dispostas ou luxuosas que fossem. Eu as trocava como se trocasse de camisa. Uma hoje, outra amanhã, outra no fim de semana. A cama estava cheia de perfume barato, lençóis amarrotados, gemidos que não diziam nada. Era um teatro. Um maldito teatro em que eu era ator e espectador ao mesmo tempo, esperando que uma delas me fizesse sentir o que eu sentia com a Ivy.Mas não sentia.E a cada tentativa fracassada, eu voltava mais puto, mais frustrado, mais ciente do buraco que ela fez dentro de mim. Eu dizia a mim mesmo que estava tentando esquecer, substituir, apagar. Mas não era isso. Eu queria provocá-la. Eu queria que ela sentisse algo.Que ela explodisse de ciúmes, que gritasse comigo, que me jogasse algo na cara ou me mandasse para o inferno. Qualquer coisa. Um olhar atravessado, uma lágrima, um soco. Mas o que ela fez? Ivy apenas servia o café, organizava meus compromissos, trocava meus lençóis sujos
IVY CARTERAcordei dolorida outra vez.O sol entrava em feixes pela persiana entreaberta, anunciando que era sábado, o que, por sorte, significava um dia longe do escritório. Eu podia voltar para o apartamento da Nora. E precisava disso. Precisava como quem precisa de ar. Agora que compreendi qual é o meu lugar aqui… não quero mais continuar assim. Nada além de uma amante. Um corpo entre os lençóis de um homem que não me pertence.Os dias continuam passando e nada muda.Afastei o braço dele do meu corpo com cuidado. Entrei nua no banheiro, sentindo a ardência a cada passo. Liguei o chuveiro e deixei a água escorrer. Com ela, minhas lágrimas também desceram. Silenciosas e quentes.Não quero mais isso. Não quero me envolver com ele. Quero minha vida de volta, por mais vazia que tenha sido. Quero fugir. Voltar para minha mãe, minha única família restante. Ou talvez procurar o Dante. Até o Daniel parece uma alternativa melhor agora.Foi então que senti sua presença atrás de mim. Sem prec