Capítulo 1

Vitória

Não tinha escapatória, eu estava cercada pelos inimigos, todos furiosos prontos para me estraçalhar a qualquer momento.

— Não vão me pegar tão fácil! — grito antes de ataca-los.

Uso minhas adagas para perfurar seus corpos e derrubá-los quase sem esforço, era como se não tivessem se importando.

— Vitória! — eles gritam.

— Que foi? — pergunto.

— Só diga a verdade, não precisa de tudo isso. — Sofia resmunga.

— É, sua louca, sabia que usar o dom da cura é cansativo? — Dalila comenta irritada.

Fico emburrada.

— Não deviam ter me atacado... — digo rindo — Não fui eu, juro, eu estava om Dimitrius, depois fui dormir, nunca jogaria as armas de vocês no lago.

— Você ficou brava por ter sido rebaixada. — Bryan comenta.

— Pela quinta vez esse ano... — Dalila me provoca.

— ME DEIXA! Não fui eu e pronto, estou mais madura na arte das brincadeiras e irritações.

Caminho mais rápido pelo que antes era o jardim, e agora estava coberto pela neve.

O inverno havia chegado mais cedo esse ano, o que me deixou irritada, nem tinha me preparado, só poderíamos sair perto do natal.

Sento em um dos bancos congelados e finjo estar ofendida com as acusações.

— Minha bravinha, nem liga pra isso, pois, eu acredito em você. — Dimitrius me abraça.

— É, vamos esquecer tudo isso... — Dalila se senta no meio de nós dois só para implicar — Eu estou cansada, além do mais já somos quase adultos.

— Souberam da novidade? - Semile pergunta aparecendo depois de uma corrida.

Lucas como sempre estava no encalço dela, assim como Bryan não larga Sofia e Dimitrius fica me espionando.

— O que aconteceu? - pergunto.

— Calebe vai chegar daqui há pouco! — ela quase grita.

— NÃO ACREDITO! — Dalila parecia um pouco assustada.

Todos a encaram, porque geralmente ela teria ficado feliz e empolgada para vê-lo e se atirar em seus braços como sempre fazia.

— Será que ele vai treinar aqui também? - pergunto esperançosa.

- Fala sério! O Calebe é tipo um membro importante da Corporação e possui muitos benefícios... Tem o apoio de mais da metade dos líderes. — Sofia comenta.

— Você está elogiando demais ele... — Bryan resmunga.

— Chega de papo, eu quero ver meu maninho, primo, amigo, líder temporário, e caçador preferido! — digo me levantando e tomando o caminho de volta a sede da Academia de Treinamento N.M.

— Achei que eu fosse o seu preferido! — Dimitrius enciúma.

— Não comecem. - Dalila resmunga.

Quando chegamos aqui há um ano e meio, odiei cada parte desse lugar, totalmente diferente de tudo que conheço e estávamos sendo tratados como crianças, para piorar, o diretor e a vice-diretora, nos odiavam de coração e faziam de tudo para tornar nossa vida um inferno, além de alguns alunos considerados os preferidos.

Só espero que Calebe tenha trazido boas notícias.

Ficamos alguns minutos no saguão principal esperando ele chegar, a espera estava me matando, queria sair logo daqui, mesmo que minha mãe tenha dito "não" por milhões de motivos não plausíveis que ela inventa só para nos manter quietos enquanto aproveita a falta "aliviada" que fazemos.

— Está demorando muito! — bufo de raiva.

— O que está demorando muito? — uma voz rouca e familiar pergunta.

Olho para o lado e me deparo com a pessoa que pode ser a nossa saída desse manicômio.

— CALEBE! — grito.

Ele me abraça e depois lhe dou um tapa por ter nos abandonado na primeira oportunidade igual nossos pais.

— Por onde andava? — pergunto.

— Por muitos lugares...

— Está muito mais gato Calebe, qual o nome desse remédio? O Dimitrius está precisando — Dalila começa o show.

E era verdade, ele parecia mais magro, porém os músculos estavam ressaltados nos braços e o cabelo estava maior e ondulado, havia envelhecido um pouco, parecia mais um adulto, perto de nós, o que na verdade, ele era mesmo.

— Você vai ver só quando nenhum inspetor estiver por perto. — ameaço.

— Chega! Eu trouxe muitas notícias algumas boas, outras ruins e bastantes surpresas... — Calebe interrompe.

Todos assentem com a cabeça, talvez essa seja a nossa chance de sair daqui e um começo de novas aventuras.

Ele nos chama até a biblioteca, onde sentamos nas cadeiras ao seu redor, curiosos com o que Calebe tem a dizer.

— A primeira de todas é que estive investigando muito na biblioteca secreta da Corporação e descobri algumas coisas interessantes que não posso revelar por enquanto. — Calebe sussurra para não chamar a atenção da bibliotecária.

A biblioteca foi o único lugar que encontramos onde pudéssemos ficar em paz, e sem sermos vigiados pelos inspetores.

— A segunda é que começaram algumas series de ataques demoníacos suspeitos, porém, não estou preocupado, pois a terceira notícia é que com a ajuda de seus pais, consegui indica-los para investigar os ataques, assim sairão daqui dentro de dois dias e eu terei olhos a mais em Raise City. — ele continua.

Não tinha como esconder a felicidade que eu sentia em relação a essas notícias... Sair, investigar, ajudar e aventuras.

— Só peço que tomem extremo cuidado em quem confiam e no que dizem, Valery está investigando uma série de falhas presentes na Corporação, provavelmente causadas por algumas maçãs podres. — ele faz uma pausa — Tenho passado todos esses anos com uma pulga atrás da orelha em relação à morte de Emily e comecei a investigar, pequenas anomalias foram detectadas na Primeira Malak Huntar.

— E o que isso significa? - pergunto.

— O corpo de Emily não foi encontrado, então...

— Então você acha que ela pode estar viva e precisando de ajuda! — Semile conclui.

— Mais ou menos... O que eu quero dizer é que ficarei um tempo fora de Raise City, então preciso de vocês para me manterem informados sobre informações que Valery não tenha, o que não será difícil pois a dona Vitória é capaz de descobrir até o que não devia. — ele comenta.

— Gentil como sempre. — resmungo.

— Só com você!

— E você não tem mais nada para contar, ou está escondendo? — Sofia pergunta.

— Bom... Há dois dias Serena desapareceu, foi sequestrada para ser mais exato, e adivinhem de onde veio a informação? — Calebe questiona.

— Não faço a menor ideia! — Dimitrius responde.

— Catherine e Romero! Mas depois eles também desapareceram e recebemos um pedido de ajuda de Gisele ontem à noite, conseguimos chegar a tempo, porém um mau pressentimento pairou sobre nós... E também devo dizer que Gisele irá ajuda-los porque ela quer descobrir o paradeiro de Catherine, os caça-anjos vêm desaparecendo um por um e isso não é bom, precisam descobrir tudo logo.

— E você não pode ajudar? — Lucas pergunta.

— Eu tenho outras coisas para fazer e estou sendo vigiado, com essa viagem consegui despistá-los e como muitos não acreditam que vocês sejam um perigo, são a melhor opção, só peço que tomem cuidado e me deixem a par de tudo. - ele informa.

Meio que sem querer e querendo ao mesmo tempo, aceitamos, mesmo não tendo o Calebe para nos auxiliar, seria maravilhoso voltar a ativa, porém a falta de confiança desses “muitos” em nós, era capaz de acabar com a auto estima de qualquer um...

Antes de ir embora Calebe nos deu algumas chaves para abrir alguns esconderijos secretos ou algo assim.

— Lembrem-se... Nunca disse algo sobre isso para vocês, caso alguém lhes pergunte, se façam de desentendidos...

Assentimos e ele, nem tão confiante, se despede.

********

Os dois dias passaram rapidamente, num piscar de olhos, assim nossa ansiedade foi totalmente extinguida.

Pela manhã, as malas já estavam prontas e o carro a nossa espera, fiquei muito feliz antes mesmo de chegar a cidade, pois, não aguentava mais ficar presa naquele maldito lugar onde só ensinavam o que aprendi com meus pais.

— Nem acredito! — grito de ansiedade.

— Daqui há algumas horas estaremos atravessando as portas da Corporação, prontos para nossas missões de verdade como membros permanentes. — Sofia comenta.

Todos ficam apreensivos quando entramos no carro, as arvores iam passando rápido e a estrada de terra dava lugar ao asfalto indicando que a cidade estava perto.

Logo as casas iam aparecendo, passamos pelo centro, duas das praças principais, a escola de música e o bairro dos comércios, então avistamos o topo do prédio da Corporação, ao longe.

Um frio na barriga insistia em deixar-me nervosa sem motivos, mas não seria um empecilho para mim.

O carro para no estacionamento subterrâneo e nós pegamos o elevador para o 15° andar, onde as coisas mais legais aconteciam. Nossos pais e os outros líderes nos esperavam na sala de reuniões, óbvio que já haviam preparado tudo, só iriam nos passar as informações que nós "não" sabíamos.

— Sentem-se! — um dos líderes, Victor Live eu acho, nos ordena.

Nunca gostei dele, me dá medo a sua presença, por isso muitos o admiram, acho que ninguém se importa em colocar na presidência um cara que tem o sobrenome Live que ao contrário ficaria Evil (mal)? E não é paranoia minha!

— Vocês foram chamados aqui porque os escolhemos para ser a nova equipe que investigará os ataques e alguns desaparecimentos estranhos. — ele diz por fim.

— Sério? — questiono entediada.

— Não estariam aqui, se não fosse por isso.

— Então porque acha que iremos aceitar? Sabia que estávamos em Malak quando Antony foi morto e que recebemos as armas do anjo? O que nos levaria a aceitar uma simples missão? — pergunto me levantando e o encarando.

— Como ousa me desafiar? E isso não é uma simples missão. — ele resmunga.

— Eu tenho uma lista de exigências, que nos farão aceitar facilmente, aém do mais, você é só mais um líder, não tem poder supremo... — provoco.

— Então diga...

— Primeiro: Semile, Bryan e Lucas serão os únicos a nos passar informações, a parte técnica da missão enquanto os outros atuam em campo, segundo: teremos poder para fazer o que for preciso e tomar nossas próprias conclusões e Terceiro: vão me promover a líder de equipe e terei acesso a tudo o que eu quiser. — termino por fim.

— Mas isso é um absurdo! — ele se enfurece.

— Oh, que pena, então não conte com a minha equipe... Só pra você ter uma ideia, fomos requisitados em várias partes do mundo e na sede principal no Egito! — informo.

Ele fica um pouco estático, sem saber o que responder, a verdade é que algumas partes eu inventei, mas segundo Calebe, conseguiríamos facilmente ir para a sede principal.

— Isso é verdade? — papai questiona.

— É claro! Por que eu mentiria? Acha que eu faço questão de morar nessa droga de cidade com vocês? — pergunto irritada.

— Mais respeito com os lideres menina! — Victor repreende-me — Aceitaremos suas condições...

Fico feliz, mas tento me mostrar indiferente a decisão dele.

— Certo! Começaremos hoje mesmo, já estamos parados tempo demais para o meu gosto. — digo tentando parecer séria.

Saio da sala acompanhada de meus amigos que parecem não acreditar no que acabara de acontecer.

— Vitória? Ficou maluca? — Sofia questiona.

— Não, eu só empatei a situação... — respondo.

Entramos no elevador, Semile parecia receosa, porém eu fiz o que era certo, Calebe disse que eu precisava mostrar que já não somos crianças e o poder que temos.

EGITO- CAIRO

CALEBE

Dois dias se passaram desde que dei as informações necessárias a Vitória, só espero que ela saiba usar da forma certa e que escute os outros.

Depois de muito preparo, cheguei a Cairo, no Egito, pela manhã e já estava me preparando para seguir a Primeira Malak.

Muitos caçadores não sabem por que ela possui esse nome, pois nem ligam para a história magnifica que os cerca.

A Malak Huntar Original ou A Grande Malak Huntar fica próxima a primeira Malak, que recebeu esse nome justamente por ter sido a primeira criada depois que fomos proibidos de entrar na original, por Benjamim ter perdido as pedras chaves.

Mais trinta e cinco estão espalhados pelo globo representando os trinta e seis Guerreiros Celestes Originais, porem a primeira é a mais importante de todas, em algumas das outras trinta e cinco, somos proibidos de entrar por estarem sendo o recanto de demônios, de acordo com o numero representado a cada um dos cinco Guerreiros que sobreviveram e foram para lado do submundo.

É nela que se concentra a maior parte do poder original dos caçadores...

Pretendo descobrir a origem das manifestações angélicas na Primeira Malak.

Caminho pelas ruas da cidade procurando a pessoa

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