Pés descalços, roupas sujas e rasgadas, cabelos ao vento e respiração ofegante, compunha o visual da aluna que tentava impressionar o mestre.
— Não precisa se esforçar tanto menina! — o homem reclama rindo.
— Eu quero ter certeza que não falharei. — ela responde.
O homem tinha uma aparência jovem e descontraída, porém era centrado, rígido e em uma idade bem avançada... Mesmo que quem o visse discordasse da última parte.
— Você sabe que não pode vencer alguém mais experiente? — ele questiona tentando provocar.
Ela assente com a cabeça, mas não se importa com o comentário, continua o treinamento pesado, usando toda a força restante, os Vaga-lumes¹ eram fortes, mas ela não desiste fácil...
Aqueles seres brilhantes não davam trégua, apesar de pensarem ser apenas uma brincadeira.
— Quando iremos para Raise City, Ben? — ela pergunta após perder pela décima vez.
— Quando você vencer um Vaga-lume! — ele responde sério.
Ela fecha a cara em desgosto e sai pisando duro pelo gramado verde que já estava no meio das canelas.
Há quase dois anos, todo esse campo era apenas pedras, terra, lama e crateras profundas, tudo era escuro e feio, triste de olhar o sangue que manchava à terra, pedaços de roupas, destroços e partes de corpos... Fora meses de luta e dedicação, para que tudo voltasse ao normal...
Apesar de não morarem ali, a garota e o seu mestre passava muito tempo treinando, pois, havia muito espaço e nenhum humano.
Ela queria ir para Raise City, queria vê-lo novamente, queria sentir seu perfume, tocar nele, puxar os cabelos, queria ter certeza que não foi um sonho.
— Você prometeu! — ela resmunga.
— Sim, porém não é a hora certa, precisamos deles, mas eles não precisam de nós.
— Como sabe? — ela questiona indignada.
Ele não responde de imediato, segue na frente dela e passa pelo imenso portal de volta a sua “casa”.
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A cidade estava parcamente iluminada pelo brilho da lua, um blecaute havia deixado Raise City sobre as trevas, silenciosa e mortal...A garota que há dois dias discutira com seu mestre, pulava de edifício em edifício, no centro da cidade, fingindo tentar chegar a organização secreta dos Caçadores.
Na verdade, seu plano não era invadir, nem causar pânico, seu objetivo ali era chamar a atenção de um grupo de jovens, os responsáveis pela vitória de sua raça durante a luta contra Antony Morgan, e principalmente a atenção dele... O garoto dos olhos frios...
Só de pensar em seu primeiro encontro com ele, o corpo dela estremecia, o coração acelerava e uma sensação maravilhosa lhe tomava conta.
Depois de muito vagar pelo centro, fingindo estar indo a C.N.M., conseguiu o que queria.
A primeira visão que teve foi a dele, rápido, letal e charmoso.
Em seguida, os outros iam chegando, com caras de susto e assombro diante do que viam, ela não entendia o porquê de a olharem assim, mas, não se importava, apenas desejava levá-los consigo para ajudá-la a proteger seu mestre e todos os segredos angélicos.
— Que bom que vieram! — ela fala com um sorriso estampado no rosto.
Porém, não há re