Elanor caminhava de um lado para o outro no quarto luxuoso da mansão, pegando algumas roupas e jogando dentro da mala sem muita organização. Seus dedos voavam pelo celular enquanto digitavam uma mensagem para Sarah, de quem havia ficado bem mais proxima nos últimos dias."Vou para as Maldivas no jatinho. Claire e Alex precisam de ajuda. Quer vir comigo?"Ela enviou a mensagem e soltou um suspiro pesado. O ar no quarto parecia sufocante, mesmo com a temperatura agradável do ar-condicionado. O que sua mãe havia feito era inacreditável, até mesmo para os padrões de Cora. Sabia que tinha responsabilidade naquilo também, que ela mesmo alimentou as tendencias loucas da mãe no começo, mas agora percebia que estavam sendo loucas com todos aqueles planos para separar seu irmão de Claire a troco de nada. Se envergonhava muito de tudo o que havia feito.Enquanto esperava a resposta de Sarah, pegou um casaco leve e jogou sobre os ombros, sentindo a urgência queimando dentro de si. Não podia acred
O celular escorregava nas mãos suadas de Elanor enquanto ela andava de um lado pro outro no escritório da mansão. Os olhos estavam arregalados, o rosto sem cor, a cada segundo que passava, a ansiedade parecia apertar mais seu peito.Depois que Cora desligou, a primeira coisa que fez foi ligar para Sarah, não sabia o que fazer, estava desesperada. "Atende logo, Sarah... atende...", murmurava, com o telefone colado na orelha.Quando a chamada finalmente conectou, ela praticamente gritou:"Sarah?! Você tá onde? Pelo amor de Deus, diz que tá vindo!""Tô, tô chegando, Ella! Já tô quase chegando aí! O que tá acontecendo? Você tá me assustando! Eles deram notícias?""Minha mãe me ligou! Ela com certeza tá louca! Não sei o que pode acontecer, disse que todo mundo tinha traído ela e que vai resolver tudo… Tô desesperada.""Meu Deus...", a voz de Sarah veio baixa. "Eu tô chegando, tá? Fica calma.""O Alex ligou desesperado, a Claire tava chorando. E o Theo... meu Deus, o Theo... ele só tem cin
A estrada passava rápido pelos vidros do carro enquanto Alexander dirigia como se cada segundo fosse decisivo, e na verdade era mesmo. Claire, no banco do passageiro, olhava em volta com os olhos arregalados, tentando reconhecer qualquer pista, qualquer carro suspeito, seu coração estava disparado."Você viu alguma coisa?" Alex perguntou, apertando o volante com força."Não... nada ainda. Mas e se eles já tiverem passado daqui? E se a gente estiver indo na direção errada?""A polícia tá rastreando, Claire. Eles vão encontrar alguma coisa, mas a gente precisa continuar procurando. Eu não vou parar até achar nosso filho."Claire assentiu, mordendo o lábio. A tensão entre os dois era palpável, o silêncio só era quebrado pelo som do motor e das respirações aceleradas deles. Até que o celular de Alex começou a tocar."Atende!" ele disse de imediato, sem nem olhar para a tela, os olhos fixos na estrada.Claire pegou o telefone e colocou no viva-voz."Alô?""Alex? Claire? É a Elanor! Escutem
O calor do dia não parecia incomodar Cora nem um pouco enquanto ela caminhava rápido pela área restrita do aeroporto. Um boné preto escondia parte do rosto e os óculos escuros cobriam os olhos frios. Ela segurava Theo com força nos braços, abafando qualquer som que ele tentava fazer."Quieto! Fica quieto, seu pirralho!", rosnou entre os dentes, enquanto o menino se debatia, com lágrimas escorrendo pelo rosto."Eu quero minha mamaaaaa! Me solta! Eu quero meu papaaaaai!", Theo gritava, a voz embargada pelo choro.Cora apertou ainda mais o menino contra o peito. "Se você não calar essa boca, eu juro que faço você se arrepender. Ninguém vai te ouvir aqui, entendeu? Ninguém!"Ela olhou em volta, tensa, mas segura. Aquele caminho pelos fundos, entre hangares e carros de manutenção, era pouco movimentado. O jatinho particular da família Blake já estava ali, reluzente sob o sol, com a escada aberta e o motor ligado, tudo estava pronto."Vamos embora daqui. Pra bem longe. E ninguém nunca mais
Ela ria. Um riso completamente desconectado da realidade. "Vocês acham que eu sou burra? Acham que eu não sei o que vai acontecer se eu soltar ele? Vão me prender! Vão me jogar numa cela! Eu não vou deixar isso acontecer!""Você não precisa fugir, mãe!", Alexander insistiu, com a voz alta. "Mas se fizer alguma coisa com o meu filho, eu juro por Deus que você vai pagar!"Theo gritava agora. "Não quero ir com ela, papai!”Claire caiu de joelhos, chorando, com as mãos pra cima. "Cora, olha pra mim... por favor... é uma criança, Cora. Você sabe disso. Ele não tem culpa de nada. Você não precisa fazer isso. Olha o estado que você tá... por favor... solta ele."As viaturas aumentavam ao redor. Mais policiais, mais tensão.Cora tremia, segurando a arma firmemente..Theo chorava ainda mais.E o tempo parecia congelar.O tempo parecia preso num looping estranho, onde tudo acontecia rápido demais e ao mesmo tempo se arrastava. O som das sirenes havia parado, mas a voz do policial ecoava pelo me
O som do disparo ainda pairava no ar quando Cora caiu de joelhos, o corpo tremendo antes de desabar nos degraus da escada. Sangue escorria de seu peito, manchando o tecido elegante do blazer, agora tingido de vermelho vivo. O grito de Theo cortou o silêncio como uma lâmina.“Mamãeee!”O garotinho se soltou dos braços da avó, que agora não tinha forças para segurá-lo, e correu o mais rápido que suas perninhas permitiam, soluçando alto. Claire abriu os braços, o coração batendo tão forte que parecia querer escapar do peito. Quando o filho se jogou contra ela, Claire o envolveu em um abraço apertado, afundando o rosto nos cabelos bagunçados de Theo, aliviada por ter seu menininho nos braços novamente.“Meu amor… meu bebê… tá tudo bem, mamãe tá aqui…” sussurrou, as lágrimas escorrendo livremente enquanto ela o apertava contra si.“Eu fiquei com medo, mamãe… ela ia me levar… Por que a vovó fez isso com Theo?” Theo soluçava, agarrado ao pescoço dela como se nunca mais fosse soltar.“Eu sei
O céu era limpo e azul acima das nuvens, e o som constante dos motores do jatinho preenchia o interior da aeronave com um ruído confortável. Após a tempestade dos últimos dias, aquela viagem de volta para Manhattan parecia quase surreal.Theo estava enroscado entre os pais, com a cabeça apoiada na barriga de Claire e os pezinhos esticados sobre a coxa de Alexander, ele não falava muito, mas seus olhos estavam mais tranquilos agora, mesmo com o resquício de medo ainda presente em seus traços delicados.Claire acariciava os cabelos castanhos do filho com dedos leves, olhando para Alexander por cima da cabeça do menino. Ele também a encarava, os olhos dizendo tudo o que ainda não haviam conseguido verbalizar.“Tá tudo bem, meu amor. A gente tá indo pra casa”, murmurou Claire, beijando a testa de Theo.O menino assentiu devagar, apertando os olhos por um segundo como se tentasse segurar as lágrimas.“Eu sonhei com a vovó ontem. Ela tava diferente… sorrindo”, disse com a voz baixinha. “Ela
Nuvens espessas cobriam Manhattan naquela manhã, como se até o tempo respeitasse o luto da família Blake. Um vento frio soprava por entre os túmulos do cemitério particular onde os Blake costumavam enterrar seus entes queridos, discreto, elegante, afastado de tudo e de todos.Claire ajeitou o casaco preto sobre os ombros enquanto caminhava de mãos dadas com Theo. O menino estava sério, com os olhinhos fixos no chão de pedra e as bochechas rosadas pelo vento. Não havia perguntas, não havia medo, apenas silêncio.Alexander já estava parado ao lado do caixão, com as mãos cruzadas à frente do corpo. O rosto estava impassível, os olhos escuros mergulhados em algo que ninguém conseguia alcançar. Eleanor estava logo atrás dele, os braços entrelaçados ao de Sarah, e embora tentasse manter a compostura, a expressão dela estava devastada.Ao longe, Becky estava de pé, ao lado de sua mãe, apesar de toda confusão, ela tinha uma relação boa com Cora, e não podia não sentir a perda da mulher. Não s