Isadora levantou os olhos e o encarou, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele desviou o olhar. Um silêncio denso tomou conta do carro. Os traços de Rafael endureceram por um instante, mas logo se suavizaram, e ela viu. Viu a dor oculta ali, camuflada por trás de camadas de controle e orgulho.
Ela não ousou perguntar, apenas respeitou aquele silêncio, como se soubesse que do outro lado dele havia uma ferida ainda aberta. Rafael voltou a dirigir sem dizer nada. Depois de alguns minutos, murmurou:
— Me desculpa...
Mas não era pra ela. Isadora percebeu pelo tom, pela forma como ele falou com os olhos baixos. E então ele completou, num sussurro quase imperceptível:
— Eu não posso...
— O que você não pode? — Isadora perguntou, confusa, voltando o rosto para ele.
Rafael a olhou por um instante, surpreso por ter falado em voz alta. Depois desviou os olhos novamente, fixando-os na estrada.
— Nada. Esquece.
Chegaram à casa de Laura. Rafael estacionou em frente à garagem e ficou em silên