O som das xícaras e talheres preenchia o ambiente refinado do café. Do lado de fora, a tarde escorria em tons dourados pelas janelas de vidro espelhado. Rafael e Isadora estavam sentados frente a frente, em uma mesa discreta no canto. O aroma suave de café moído pairava no ar, contrastando com o silêncio confortável — e, ao mesmo tempo, tenso — entre eles.
— Sentiu mais algum desconforto depois do almoço? — Rafael perguntou, observando-a por sobre a borda da xícara.
Isadora balançou a cabeça, com um leve sorriso.
— Nenhum. E obrigada... pelo almoço.
Ele assentiu. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, a atendente surgiu trazendo os pedidos. Pôs o prato à frente de Isadora, mas seus olhos estavam fixos em Rafael. Um sorriso exagerado emoldurava o rosto da jovem, claramente encantada.
— Qualquer coisa, é só me chamar. Estou à disposição... — disse, o tom meloso demais para parecer profissional.
Rafael manteve o semblante impassível. Nem sequer desviou o olhar para a atendente. S