Alejandro González
Dirigi pela cidade por horas, com a cabeça a mil e o peito carregado de raiva. Pensava em ir direto para São Paulo, mas a estrada àquela hora parecia um risco que nem mesmo minha irritação justificava. Vinte minutos depois, sem perceber, parei na casa de Miguel. Ele abriu a porta com aquela expressão de quem já sabia exatamente o que estava acontecendo, por me conhecer melhor do que eu mesmo.
— Entra aí, cara. Me dá a chave do carro que eu te dou uma dose de uísque – disse ele, estendendo a mão.
Entreguei a chave sem hesitar e entrei.
— Pra mim chega, Miguel.
— Senta aí cara e fica calmo. — Ele falou indo em direção a mesinha que estava a garrafa de uísque.
— Só ela não percebe que o Gustavo está caído por ela? E que essa relação é muito mais que amizade.
Fui despejando minha raiva enquanto ele me oferecia um copo com gelo.
— E o pior é que ela não quer se afastar dele por nós, sabia? Se é assim, então nós dois não somos nada!
Miguel ouviu em silêncio, apenas balan