68. Linha Tênue
A porta do quarto se fechou atrás dele, e o silêncio que se seguiu parecia mais pesado que qualquer coisa que eu já tivesse sentido. Ele ficou parado, observando-me com aqueles olhos que sempre tinham o poder de desnudar minha alma, misturando frustração, desejo e algo que eu não conseguia decifrar completamente. Meu peito apertava a cada segundo que ele permanecia ali.
Kairos tirou a camisa devagar, deixando à mostra o torso definido, os músculos tensos e a pele úmida do banho recente. Passou a mão pelos cabelos molhados, desalinhados, como se o simples gesto fosse suficiente para afirmar sua presença e controle naquele espaço. Aquele olhar, intenso e fixo, parecia pesar sobre mim, fazendo-me engolir em seco.
— Eu não posso te deixar um dia sozinha — disse ele, a voz grave atravessando o quarto, firme, quase como um aviso.
Respirei fundo e levantei-me, ainda com as pernas fracas. O corpo reagia à tensão e à mistura de sentimentos que ele provocava. Tentei manter a postura firme, mesm