52. A ligação
A noite já tinha caído de verdade quando percebi que a casa estava mais silenciosa. A movimentação da tarde, cheia de risadas, conversas e abraços, tinha se esvaziado aos poucos. Alguns primos já tinham voltado para suas casas, tios e tias se despediram com a promessa de novos encontros, e restávamos apenas nós, na casa da minha mãe, e aquele silêncio confortável que só o campo parecia proporcionar.
Do lado de fora, o ar estava fresco, carregado pelo cheiro de terra úmida e das flores que minha mãe cultivava no jardim da frente. Me apoiei no batente de madeira e deixei meus olhos seguirem os vagalumes que piscavam ao longe, como se fossem pequenas estrelas perdidas na escuridão. Era hipnotizante observá-los, como se o tempo tivesse diminuído o ritmo só para que eu pudesse respirar com calma.
Foi então que senti braços fortes me envolverem por trás. O calor que percorreu minha pele foi imediato. O queixo de Kairos repousou sobre o meu ombro, e seu perfume inconfundível, misturado ao fr