Minha mãe me olhou primeiro, depois fixou os olhos em Kairos. A expressão dela era de surpresa, quase desconfiança. Amanda, por outro lado, avaliava cada detalhe dele com um misto de curiosidade e cautela, como se estivesse diante de um personagem que não conseguia decifrar.

— Então, quem é esse? — perguntou minha mãe, a voz séria.

A sala ficou em silêncio por alguns segundos. Eu senti a respiração presa na garganta, procurando palavras que não soassem frágeis nem carregadas de revelações. Antes que eu pudesse dizer algo, Kairos deu um passo para trás, ajustou o paletó e adotou uma postura controlada, quase diplomática. O olhar dele suavizou, embora a intensidade ainda brilhasse como brasas escondidas sob a cinza.

— Kairos Klaus — disse, olhando diretamente para minha mãe, o tom levemente inclinado para o respeito. — Trabalho com sua filha.

A forma como pronunciou “trabalho” teve peso, mas não era uma mentira. Ainda assim, cada sílaba carregava uma sombra de verdades não ditas.