Meu namorado, Tom, prometeu que, no meu vigésimo aniversário, realizaria uma grandiosa cerimônia de acasalamento para nós. No entanto, na noite da minha festa de 20 anos, diante de todos os convidados, foi à minha meia-irmã, Lily, que ele fez o pedido formal de vínculo como companheira. Enquanto todos os presentes os aplaudiam, eu fiquei ali, sozinha e humilhada, com o coração despedaçado pela dor da traição. Afogada pelo abandono, ouvi uma voz firme se levantar em meio à multidão. Era Sam, o alfa herdeiro da Tribo Obsidiana. Ele declarou, diante de todos, que me amava há muito tempo e queria reivindicar-me como sua companheira. Perguntou se eu aceitava. Eu disse que sim. Nos cinco anos seguintes, ele me amou, me protegeu, decorou cada uma das minhas preferências, como se meu bem-estar fosse seu único propósito. Mas um dia, sem querer, escutei uma conversa entre ele e seu beta, e o sonho perfeito em que eu vivia se desfez em silêncio. — Sam, agora que a Lily finalmente se tornou a Luna da alcateia Rosa Branca, você ainda vai continuar fingindo com a Any? — Eu nunca consegui ter a Lily. Então, quem está ao meu lado, tanto faz. Além disso, enquanto estiver comigo, ela não poderá atrapalhar a felicidade da Lily. No cofre do escritório de Sam, descobri que ele ainda guardava todos os presentes que Lily dera a ele. Havia colares de presas de lobo feitos à mão, papéis com a marca da pata dela, até mesmo sua armadura de escamas prateadas, a peça que ele mais prezava. Em cada escama estava gravado o nome de Lily. "Lily, meu grande amor. Que minhas garras abram caminho entre espinhos para te alcançar a felicidade que deseja. Se for preciso, entregarei o coração de lobo que pulsa no meu peito. Se tiver que tomar à força, tomarei por você tudo o que quiser!" Os cinco anos de suposta felicidade evaporaram no instante em que conheci a verdade. Então, pedi oficialmente minha saída da alcateia. Dois dias depois, desapareceria completamente da vida de Sam. Para sempre. Sem volta.
Ler maisSam abriu a boca, como se fosse dizer algo.Mas fui mais rápida.— A Lily está certa numa coisa. Eu não preciso mais de você. E, por favor... Não volte a aparecer na minha vida.O olhar dele se encheu de súplica. Parecia disposto a aceitar qualquer condição, desde que pudesse continuar ao meu lado.Foi então que Aron interveio.Sua voz era calma, mas tinha um corte afiado por trás da serenidade:— Eu não sei exatamente o que houve entre vocês... Mas acho que está na hora de você ouvir a Any. Você fala sem parar do que sente, do que perdeu... Mas já parou pra pensar no que ela quer?Sam ficou paralisado.Abriu a boca, mas... Nada saiu.Olhei diretamente para ele.Minhas palavras saíram firmes, incontestáveis:— Sam... Não me force a considerar tudo o que vivemos um erro. Ou será que você só vai me deixar em paz quando eu realmente estiver morta?— Não! — Ele me interrompeu, com a voz tomada pela dor. — Any, eu juro... Eu errei. Mas se você estiver bem, se não desaparecer assim de novo..
— Você ainda está viva... Graças à Deusa... — Sam murmurou, a voz rouca, como se tivesse sido lixada por dentro.Ao me ver, seus ombros cederam, como se toda a força que o mantinha de pé tivesse simplesmente desabado.Lily, ao notar a reação dele, deixou o olhar brilhar por um segundo, puro cálculo.Ela se aproximou com o ventre empinado de propósito, a voz embargada de piedade falsa:— Sam... A Any me atacou. Eu só queria entender por que ela me odeia tanto, por que fez aquilo comigo... E ela me atacou, mesmo sabendo que estou grávida... — As lágrimas brotaram dos olhos dela, e a voz falhou com perfeição ensaiada. — Olha pra mim, Sam... Até com um filho no ventre, ela me trata assim...Fiquei observando os dois com frieza.Era como se tivesse sido jogada de volta para aquele passado sufocante, onde eu era sempre acusada, sempre deixada de lado.Mas, dessa vez... Eu não caí.Respirei fundo, contive toda a tempestade dentro de mim, e falei com calma:— Vão embora. Vocês dois não são bem
Com os lobinhos protegidos atrás de mim, comecei a recuar, passo a passo, em direção à porta.— Eu só tomei de volta o que era meu. Você cometeu erros, Lily. E quem erra... Deve ser punido.Aquelas palavras pareceram atingir um ponto sensível.Os olhos de pupilas verticais dela se encheram de ódio, um ódio sombrio, descontrolado.— Você devia estar morta! Se não fosse por você, eu nunca teria chegado a esse ponto!Antes mesmo que a frase terminasse, Lily já tinha avançado.Apareceu diante de mim como uma sombra, e suas garras brilharam com um frio cortante.Instintivamente, me lancei à frente dos filhotes, sem tempo para esquivar.As garras dela passaram como vento afiado pela minha pele, deixando três cortes profundos no meu ombro.Levantei minha própria garra para bloquear, mas o sangue já escorria quente pelo meu braço, encharcando a roupa.— Pare! Não faça isso! — Gritei.Mas ela estava fora de si.Em poucos segundos, desferiu vários golpes, cada um mais rápido e feroz que o anteri
Certo dia, a internet foi tomada por manchetes sobre a mudança de sucessão na Tribo Obsidiana.Sam havia renunciado oficialmente ao direito de ser o próximo Alfa e deixado a tribo.Junto com a notícia, uma foto circulava: Sam, solitário à beira-mar, com um olhar abatido, como um lobo selvagem e perdido, abandonado pelo próprio bando.Fiquei olhando para aquela imagem por um bom tempo.Não senti raiva. Tampouco alegria.Apenas... Uma paz estranha e silenciosa.“Ele estava arrependido.E mesmo que fosse sincero... Isso mudava alguma coisa?Eu já não era mais a corrente que o prendia.E, definitivamente, não queria ser a salvação dele.”— Mestra, o meu tio veio te ver de novo! — A voz alegre do John cortou o silêncio dos meus pensamentos.Aron surgiu logo atrás, sorrindo ao acariciar os cabelos do sobrinho.Em seguida, estendeu para mim um envelope com o selo oficial da Associação de Cura: uma nova convocação para o processo de seleção da mestre curandeira.— Aron, já te disse: não vou pa
Depois de desligar a ligação com minha amiga, ainda assim não resisti.Peguei o celular e abri as notícias relacionadas ao Sam e à Lily.Em uma das matérias, Lily aparecia sendo fotografada ao sair de casa, abatida, desorientada.Ao seu redor, não havia mais aqueles lobos fiéis que antes a cercavam como uma rainha. Sua fraude sobre o talento a levou à ruína completa. Até mesmo sua família estava sendo arrastada para o escândalo.Quanto ao Sam, as reportagens diziam que ele costumava ir sozinho à praia com frequência. Como se estivesse procurando... Alguma coisa.Os lobos agora o desprezavam pela traição no casamento. Aqueles que um dia o admiraram pela devoção à companheira, agora o chamavam de hipócrita, de lobo tolo que perdeu o verdadeiro amor.E eu... Só conseguia achar tudo isso profundamente ridículo.O tal verdadeiro amor dele nunca foi comigo.Foi preciso eu ir embora, morrer aos olhos dele, para que começasse a revisitar nossas lembranças?— Mestra, o que você tá olhando? — Pe
No Instagram, havia ainda um último áudio, soava como uma despedida final, quase um testamento.Nele, minha voz expunha sem rodeios como o coração do meu marido sempre oscilou por outra mulher. E também anunciava meu adeus definitivo àquela farsa de casamento.No fim da gravação, minha voz permanecia calma, mas carregava uma firmeza cortante:— Se esse casamento foi uma mentira desde o começo, então que fiquem juntos. Eu os libero. E, assim, liberto a mim mesma também.O vídeo e o áudio provocaram uma verdadeira tempestade nos dois grandes territórios, tanto na Tribo Obsidiana quanto na Rosa Branca.Enquanto isso, eu estava longe de tudo, nas bordas da Floresta Sombria, onde construí minha própria cabana de repouso.Ali, distante das duas grandes alcateias do Centro, longe da família e, principalmente, longe de Sam, finalmente criei um espaço só meu.Instalei-me como curandeira da região.Diferente da mulher frágil que um dia fui, sufocada por um amor fingido e presa a uma cela invisív
Último capítulo