Ponto de Vista da Alora
As pílulas que o médico tinha dado continuavam a aliviar aquela dorzinha incômoda que eu sentia, uma dor que foi diminuindo aos poucos enquanto eu dormia. Mas uma pontada me acordou de repente. O médico queria me examinar melhor, me colocar de novo nas máquinas... Mas eu não queria aquilo. Só ia adiar o inevitável.
Até tirar sangue... O prata que o médico usava queimava minha pele, eu não aguentaria passar por aquilo todo dia. Eu não era tão forte daquele jeito. Eu sabia do meu destino, no fim, só estava ganhando uns dias a mais.
Eu tinha passado os últimos quatro anos dormindo, queria aproveitar cada momento que me restava, o máximo que pudesse.
Fui até a cozinha buscar um copo de água para tomar os remédios quando ouvi risadinhas vindo da sala. Já tinha passado da meia-noite, quem estaria acordado a aquela hora?
Então ouvi a risada baixa da Kaia, um som que eu quase nunca escutava.
Espiando pela fresta da porta, imaginei que eles estivessem no sofá, mas não es