Neve, Contrato e a Quebra do Silêncio
Daniela Marçal
O sol alpino banhava o terraço, mas o calor que eu sentia não vinha dele. Vinha daquela proximidade silenciosa na cozinha, do toque não-toque de Xavier, e do desafio que ele lançou sobre os meus lábios.
"Eu espero a mesma intensidade que teve na neve e que teve no meu quarto."
Ele havia transformado o desejo em cláusula. O beijo, a rendição pura, agora era uma ferramenta para "convencer a imprensa". A estratégia dele era clara: transformar a minha confusão numa performance, mantendo a fachada enquanto se mantinha emocionalmente intocável. Eu deveria ter sentido raiva, mas, estranhamente, senti uma faísca. Ele estava jogando, mas, pela primeira vez, ele estava me dando uma carta na mão.
Virei as costas para ele, pegando uma torrada com a calma que não sentia, e disse, sem o olhar:
— Não se preocupe, CEO. Eu me lembro do meu papel. A questão é: o seu papel é só de fachada?
Ele não respondeu, mas senti a pausa dele, a hes