O Resgate: Um calor que não era da lareira
Daniela Marçal
Eu deslizei por uns dez metros antes de perceber que o meu "botão de pânico" – a técnica de arado que Xavier me ensinou – era inútil contra a minha própria cabeça. Eu não conseguia pensar em "gravidade e músculos"; só conseguia pensar no beijo da noite passada e na sua proposta fria de "fusão".
A raiva me deu coragem, o que foi um erro colossal. Tentei imitar Olívia e fazer uma curva ousada. Não fiz.
O que aconteceu foi uma mistura humilhante de desequilíbrio e inércia. Eu não caí com graça; eu caí com a força total de um projeto que deu errado. O meu corpo rodou. Senti uma pontada aguda no tornozelo e uma onda de frio enquanto a neve me engolia. Minha respiração falhou, e por um momento, a ansiedade voltou com força total. Eu estava presa, sozinha, e com dor.
O pânico genuíno
— Daniela!
O grito não era o tom de comando de um CEO, nem o sussurro sedutor de um amante. Era puro pânico.
Levei segundos para ver Xav