Kahli cerrou os dentes num estalo seco, sua língua estalando contra o céu da boca em um misto de frustração e veneno. Quando Donaldo fez um súbito movimento, ela saltou para trás, seus reflexos afiados a salvando por um triz — mas seus olhos não deixaram de reconhecer as criaturas que agora avançavam.
As concubinas de Donaldo.
Pessoas que ela conhecera. Amigas que compartilharam segredos com ela quando estivera infiltrada. Agora, não passavam de fantoches de trevas, corpos ocos com bocas que se rasgavam em sorrisos largos demais, olhos que reluziam com algo que não era delas.
Por um momento, a escuridão dentro dela respondeu.
Um peso de chumbo arrastou-a para baixo. Seus joelhos bateram no chão, a dor latejante nas rótulas menos intensa que a que ardia em seus olhos. Lágrimas quentes escorreram, mas não de medo — de raiva.
Foi então que as mãos enluvadas de Kaoru pousaram em seus ombros, firmes como âncoras.
— Não ceda agora. — A voz de Kaoru era uma lâmina fria cortando o desespero.