SAMANTHA VASCONCELOS Dois dias depois, desembarcamos em Edimburgo. A viagem foi longa, mas o voo tranquilo. A primeira classe é surreal. Comi e descansei como nunca. Finalmente, estou em solo escocês! Meu coração está a mil! Assim como antes, já tem um carro nos esperando quando desembarcamos. Vou direto para o carro, um SUV de uma marca que eu nunca havia visto. Outras pessoas pegam nossa bagagem, enquanto Ian cumprimenta o motorista e agradece ao piloto. Vamos direto para casa dele, e amanhã veremos onde eu vou ficar. Preciso de um banho. Ian avisa que será uma pequena viagem de trinta minutos até onde ele mora. Encosto em seu ombro e apago. Sou acordada pelo som de vozes. Ian conversando com o motorista. Ele está com o braço por cima do meu ombro, me amparando. Não me mexo, estou muito confortável assim, e quero aproveitar o momento. Depois de um tempo, ele dá um beijinho em minha cabeça e diz: — Amor, chegamos. — Hmm? – Por mais que eu esteja consciente, meu corpo está
SAMANTHA VASCONCELOSVoltamos ao quarto de Ian e percebo que não levei roupa alguma.— Eu não trouxe nada para vestir.Ele dá de ombros e abre uma gaveta, tirando dali uma camiseta.— Eu não vou descer para jantar vestindo só isso.— Ninguém vai se importar.— Eu vou – rebato.Ele sorri.— É claro que vai. Mas ninguém vai ver, Samantha, relaxa.E se dirige ao banheiro. A banheira já está cheia à nossa espera. Me bate uma ansiedade louca do nada, como se a atitude dele ligasse algum sinal de alerta em mim, mas procuro respirar fundo, não faz sentido algum.Ian se senta para tirar as botas, buscando agradar o meu homem, me adianto, e me agachando à sua frente para ajudá-lo.Ele me olha com surpresa, mas não diz nada. Ele parece cansado e não está falante como usual.— Está tudo bem?— Eu não durmo em viagens, então, estou exausto.— E por que não?Termino com suas botas e me levanto.— Banheira ou chuveiro? – pergunto.— Chuveiro e banheira.Ligo a água quente para tomarmos uma ducha.—
SAMANTHA VASCONCELOSEnquanto Ian enrola na banheira, busco minhas roupas no outro quarto, para me arrumar com ele. Escovo o cabelo, me maquio e visto um conjunto de blazer e saia. Estou quase pronta quando ele resolve sair do banheiro.Pela primeira vez, fico pronta antes dele.É bom, pois tenho a oportunidade de observar enquanto se arruma.Ele veste um terno azul marinho que abraça seu corpo torneado como uma luva, os músculos, as pernas..., em seguida, abre uma gaveta cheia de relógios, de várias cores, formatos e tamanhos e escolhe um.Descemos para o café.Sra. Jacob preparou uma mesa com ovos, bacon, frutas, pães, homus e tofu. Ainda não me acostumei a não preparar minhas próprias refeições. Mas posso me acostumar.Tomamos café e vamos pro trabalho.Ainda não consigo acreditar que estou aqui!Quando chegamos à empresa, algumas coisas me impressionam.Primeiro, estou em choque com os paparazzi que lutam para conseguir alguns cliques de Ian.Segundo, o prédio é simplesmente mon
SAMANTHA VASCONCELOSSaímos de lá e vamos para sala de Ian.Que tem o dobro do espaço da que ele usou no Brasil. É muito moderna, com design futurístico. Ian se senta na cadeira atrás de sua mesa e faz sinal para que eu me aproxime.Me sento em seu colo de frente para ele.— Fico feliz que tenha conhecido meu pai – diz ele, com o rosto enfiado em meu pescoço.— Ele é incrível. Agora sei pra quem você puxou.Ele tem sua risada abafada pelo meu cabelo. Antes de responder, alguém bate na porta, e antes que possamos responder, Carter abre a porta e entra falando:— Ian, trouxe os papeis que me pediu e... – ela para no meio da frase quando nos vê. – Desculpe, eu não sabia que estava acompanhado.Não sabia? Acho que isso é meio obvio já que chegamos juntos. Mas me mantenho calada e tento me levantar. Com certeza estou vermelha. É como se tivéssemos sido pegos no pulo. Ian me segura no lugar.— Aguarde minha resposta depois de bater, e não vá entrando – ela assente. — Deixe os papeis e pode
SAMANTHA VASCONCELOSNão tive muito tempo para ficar sozinha com meus pensamentos nessas últimas semanas, o que acabou me esgotando um pouco.Estou acostumada a ter um espaço e tempo pra mim.Então fiquei muito aliviada quando Ian me deixou em casa e foi ao clube se encontrar com os amigos. Um clube para homens – disse ele.Que fosse misto, eu não ia querer ir.Estou cansada da viagem, e do turbilhão que foram esses dias. Fingi maturidade em relação a Carter, mas eu queria sim, que Ian a demitisse.Na verdade, eu queria atirar meu sapato naquela cara de entojada dela.Não, eu queria jogar qualquer coisa em sua direção.Para distrair minha cabeça, mandei mensagem para Luna perguntando sobre o trabalho e mencionei o ocorrido, só para ver o que ela tem a dizer.Enquanto sua resposta não vem, ligo pra minha mãe.Conto sobre minha chegada e como estou bem instalada. Filmo um pouco da casa para ela ver e sua expressão é de êxtase total.Conto sobre a empresa, como Ian é conhecido por aqui e
SAMANTHA VASCONCELOS Obviamente perdemos a hora. Me troco rapidamente e vamos para a casa dos pais de Ian, e não sei o que esperar. Visto um short alfaiataria de cintura alta, uma regata branca e um blazer, nos pés, uma bota cano alto preta de couro. E estou levando um sobretudo preto. As casas tem aquecedores, mas vai que chove ou faz frio. Precaução é tudo. Falando nisso, preciso urgentemente ir em alguma loja refazer meu guarda-roupa. Mesmo tendo trago minhas melhores roupas, aqui faz mais frio e a moda é bem diferente. Mas eu gosto do que vejo. Outra coisa que preciso providenciar é um lugar para ficar. Não posso morar com Ian e fazer isso dar certo. Quer dizer, agora está tudo bem, mas e se rolar alguma discussão? Vou sempre estar na casa dele. Na empresa dele. Meu deus, é tudo dele. Até eu sou dele, hehe. Mas afinal, somos apenas namorados, e não quero atropelar nenhuma etapa. Também preciso do meu próprio espaço. Por Deus, faz dias que não uso o banheiro direito.
SAMANTHA VASCONCELOSResolvo aproveitar a oportunidade de estarmos sozinhas para expor uma de minhas inseguranças:— Posso perguntar uma coisa?— Claro que sim.— Ainda não consigo parar de questionar o que Ian viu em mim – sorrio, mas deve parecer uma careta, estou expondo minha maior insegurança no momento. – Estou totalmente sem graça e sei que devo parecer uma boba, mas...— Ora, não parece uma boba coisa nenhuma! É normal existir inseguranças em um relacionamento. E é por isso que devemos falar sobre elas.Sua expressão é uma mistura de interesse e entendimento de quem já esteve no mesmo lugar. Faço que sim para ela. — Minha querida, posso te dizer a verdade? – pede.E é nesse momento que meu estomago embrulha.— Que fique entre nós ok?Faço que sim. De repente incapaz de falar e muito, muito ansiosa.— Ian e o pai, são muito ocupados, e sempre separaram tempo para conciliar vida pessoal e trabalho, como sabe, não trabalham demais. E vivem se comunicando um com o outro. Houve um
SAMANTHA VASCONCELOSNo dia seguinte, ao chegar no escritório, Carter – olhando diretamente para Ian, murmura um bom dia superanimado.Ian apenas acena com a cabeça, totalmente alheio a ela. Mas eu respondo:— Bom dia, Carter.A moça me fulmina com o olhar.E sinto uma leve satisfação.Ian me guia até uma porta que fica ao lado da sua sala.— Tenho uma surpresa pra você – diz. — Abra.E é o que faço. Entro em um ambiente notoriamente feminino. A sala é quase do mesmo tamanho que a de Ian.Foco na parede de vidro que pega o espaço de fora a fora e o divã voltado a ela.Entro no espaço e fico impressionada.É lindo e muito bem decorado.Muito mais do que imaginei que mereceria ou alcançaria.Muito mais, mesmo.— Nossa amor, eu...Olho pra ele e tudo que encontro é ansiedade em seu olhar.— Eu amei – digo com firmeza, e o envolvo num abraço.Eu amei mesmo.Achei a sala a minha cara!— Que bom que você gostou. É pra você mesmo.— Obrigada, obrigada, obrigada – murmuro contra seu pescoço.