Capítulo Dezenove

Quando Alve entrou no quarto, encontrou-me sentado na cama. Seu rosto estava lívido. O hino da Colmeia tocava na sala, indicando que o pronunciamento acabava. Limpei as bochechas e me coloquei de pé.

— Ele me disse o que você pretende fazer — falou.

— Está aqui para me impedir também?

Soltou o ar pelos lábios frouxos, num gesto teatral.

— Como se alguma vez eu tivesse tido algum sucesso nisso… — Ele me olhou com cautela. — Eu entendo. Você nunca deixou a Leninha sozinha.

Larguei a mochila sobre a cama. Pensando bem, eu não precisaria dela. Era estúpido tê-la preparado quando eu sabia que não voltaria do lugar para onde estava indo.

O calor do momento se dissipava aos poucos. Minhas mãos ainda estavam trêmulas. Havia um tom de abstração naquilo tudo. Uma parte de mim ainda acreditava que meu pai estar

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