Abro os olhos e, por um instante, tudo parece uma névoa. A mente luta para reconhecer onde estou, mas o peso nos meus músculos me deixa confusa. O teto, de madeira velha, está acima de mim, e só depois percebo o calor conhecido: a mão da minha mãe repousa sobre mim, como se fosse o último escudo entre mim e o mundo. Estou deitada em seu colo, e ela está encostada na parede, imóvel, mas com os braços firmes, tentando me proteger até dormindo.
Forço meu corpo e, com dificuldade, consigo me sentar. O esforço me arranca um gemido baixo, mas não quero preocupá-la ainda mais. Apoio minhas costas contra a parede, respiro fundo e então seguro a mão dela, levando-a aos meus lábios. Dou um beijo suave em sua pele marcada pelo cansaço da vida. Nesse momento, ela desperta, move a cabeça lentamente e me encara. É só então que percebo o quanto seus olhos estão cansados; bolsas profundas se formaram sob eles, como se não tivesse dormido em dias. Mas sei que não estamos aqui há tanto tempo assim. Alg