Depois que Carol e Joyce se despediram, a casa ficou em silêncio. Um silêncio bom. Um daqueles que deixam espaço pra respiração, pra verdade, pra tudo aquilo que não cabe nas conversas com muita gente.
Estávamos só eu e Sophia agora. Luiz dormia tranquilo no bercinho portátil, ali na sala mesmo. O sol já começava a se esconder atrás das árvores da rua, e o cheiro de café com bolo ainda pairava no ar. Olhei para minha irmã, sentada na poltrona ao lado, com uma manta sobre as pernas. Ela parecia diferente. Não só no olhar mais profundo mas no jeito de se calar. Como se pensasse mais antes de falar. Como se, pela primeira vez, quisesse ouvir a si mesma. — Quer que eu prepare o quarto de hóspedes pra você? — perguntei, enquanto recolhia as xícaras. Ela sorriu de leve. — Se eu puder dormir aqui hoje. Amanhã cedo eu volto pra casa. — Claro que pode Sofi. — Assenti com um sorriso discreto, sentindo um