Sophia e eu passávamos praticamente todos os dias juntas ali. Criamos uma rotina intensa, mas prazerosa, começávamos cedo com reuniões de alinhamento, organizávamos as demandas das oficinas, acompanhávamos o andamento dos atendimentos psicológicos e jurídicos, e sempre tirávamos um tempo para circular pelo espaço, conversar com as mulheres, ouvir suas histórias e pensar juntas em novas formas de ampliar o projeto.
— Acredita que já estamos com lista de espera? — disse Sophia, certa manhã, entrando na minha sala com um café nas mãos.— Sério? Em tão pouco tempo.— Sim! E precisamos pensar em como ampliar nossa capacidade de acolhimento sem comprometer a qualidade do atendimento.— Concordo. Talvez seja o momento de buscarmos novos parceiros, mais financiamento.— E quem sabe um novo espaço, no futuro?Rimos juntas, com aquele brilho no olhar de quem, apesar do cansaço, sabia que estava construindo algo muito maior do que si mesma.