Lorena
Ajudar Laila com o evento da empresa estava sendo um misto de sensações. O tema — violência contra a mulher — me atravessava como uma ferida aberta. Enquanto separava cada foto, cada depoimento, eu sentia o peso de tudo aquilo. As histórias me atingiam com força, até que as lágrimas começaram a escorrer sem que eu percebesse.
— O que aconteceu, Lo? Por que você está chorando? — perguntou Laila, se aproximando.
— Não é nada, amiga — respondi rápido, passando a mão no rosto, tentando disfarçar.
— Ninguém chora por nada, Lorena — insistiu ela, com aquele olhar firme e gentil ao mesmo tempo.
Respirei fundo. Eu já não sabia mais por quanto tempo conseguiria guardar aquilo dentro de mim.
— Laila... — murmurei, a voz embargada. — Eu fui parar no hospital aquele dia porque o meu pai me agrediu. E não foi a primeira vez... ele vem fazendo isso desde que eu era criança.
Ela ficou em silêncio por um segundo, como se tentasse processar o que acabara de ouvir. Depois disse, com firmeza:
— L