POV: VICTOR CROWLEY
Sempre confiei nos meus instintos.
Eles me mantiveram vivo em campos de batalha, em florestas amaldiçoadas, nos corredores traiçoeiros da corte real.
Mas naquela noite... naquela maldita noite... eu ignorei o que sentia.
E pagamos o preço.
Samal era um dos meus homens mais antigos. Um lobo de sangue puro, criado nas montanhas geladas do norte, endurecido pela vida e forjado pela guerra. Lutamos lado a lado em batalhas que poucos ousavam sequer lembrar. Eu conhecia seus modos, seu cheiro, o peso do seu olhar.
Ou achava que conhecia.
Agora, olhando para o amuleto partido em sua cela — o mesmo que todos nós carregávamos para proteção contra encantamentos — eu soube.
O verdadeiro Samal havia caído meses atrás.
E ninguém, nem mesmo eu, percebera.
O conselho da guarda estava reunido, rostos sombrios sob as tochas tremeluzentes. Ellen estava ali também, pálida e furiosa, seu poder azul ainda vibrando sob a pele como relâmpagos contidos.
— Ele usou Samal como uma porta,