POV: ELLEN BENEDITT
O Refúgio das Encantadas respirava.
Eu podia sentir.
Cada pedra, cada grão de poeira, cada eco antigo parecia reconhecer meu sangue, meu nome, minha alma.
Era como voltar para um lar que eu nunca vira, mas que sempre vivera dentro de mim.
Atravessar aqueles corredores cobertos de musgo e luz azulada era como ser acolhida por mãos invisíveis — suaves, fortes, eternas.
Meu coração batia pesado no peito, não de medo, mas de uma reverência que beirava a adoração.
E atrás de mim, como sempre, Victor.
Meu companheiro.
Meu porto seguro.
Olhei brevemente por cima do ombro e encontrei seu olhar.
Ele me observava de um jeito que fazia minha pele formigar — não com desejo carnal, embora eu soubesse que ele me desejava, mas com algo ainda mais raro.
Admiração.
Orgulho.
Amor.
Um amor que não pedia nada em troca. Que apenas existia, silencioso e imenso.
Meu peito apertou de emoção.
Saber que Victor via quem eu era — toda a luz, toda a escuridão, toda a tempestade dentro de mim