04. Contrato

As mãos de Elena tremiam violentamente, fazendo a corrente que forçava seus braços para trás tilintar de forma irritante. James sorri.

“Que bom que entendeu como as coisas funcionam, garota.”

Ela tenta não cuspir na cara do bilionário, franzindo os lábios antes de encará-los mais uma vez.

"O que vocês querem que eu faça?", Elena pergunta, tentando controlar o tremor em sua voz.

James se aproxima dela, e Evan guarda o canivete. A tensão no ambiente é palpável.

Os dois homens olham mais uma vez um para o outro, como se estivessem conversando mentalmente. Finalmente, vem a conclusão. Eles seriam diretos em sua proposta.

A resposta de James vem em um tom grave e calculado:

"Nós temos inimigos, pessoas que querem nos derrubar. Nós precisamos de alguém como você, com suas habilidades jornalísticas e sua determinação, para nos ajudar a nos proteger e a garantir que nossos segredos permaneçam enterrados."

“Então querem que eu seja uma espiã?”

O homem de cabelo louro como mel esclarece:

“Espiões são caros e habilidosos. Eu duvido muito que você consiga destrancar uma porta com um alfinete, ou manejar armas. O que nós queremos é que você diga exatamente o que todos dentro do seu jornalzinho sujo e fajuto sabe.” 

“Você fará com eles exatamente o que tentou fazer aqui. E para você ver o quão disposto estamos a ter essas informações, vamos até mesmo fornecer falsas notícias para você levar ao seu jornal. Você sabe, para que ganhe mais credibilidade.”

Os lábios de Elena estão secos quando ela tenta argumentar:

“Mas… Se me derem notícias falsas, eu vou me tornar popular por causa de mentiras. Isso é a maior afronta que se pode fazer com um jornalista.”

“Isso não é problema nosso, querida”, diz James. “E afinal de contas, não foi você quem nos disse que faria o que quiséssemos?”

“Sim, mas-”

“Não tem ‘mas’, querida. É a sua vida que está sendo negociada aqui.”

Os olhos da moça se enchem de lágrimas.

“Antes que responda, no entanto, acreditamos que podemos oferecer algo a mais.”

Confusa, a moça apenas espera o que eles têm a dizer.

Um verdadeiro sorriso sádico toma conta do rosto de ambos, mas é em Evan que o brilho doentio e repleto de luxúria permanece por mais tempo. E também é ele que pergunta num tom sussurrante:

“Diga-me: o que você sabia sobre nós antes de vir para cá?”

Ela olha para baixo e responde sinceramente:

“Sabia que muitos milionários e bilionários vinham aqui se encontrar. Que havia uma forte suspeita de esquemas ilegais, ligação com a máfia, corrupção política… Muita coisa.”

“E mandaram você nesse ninho de cobras, de todas as pessoas que podiam vir? Talvez um policial? Uma equipe inteira?”

“Eu me voluntariei.”

Ambos fazem uma expressão de surpresa genuína. Elena continua:

“Eu trabalho naquele lugar há quase cinco anos e ninguém sequer olha pra mim. Queria fazer a diferença na redação; queria ser notada, reconhecida. Mas… Mas estou aqui.”

James cruza os braços e solta uma gargalhada irônica.

“Que discurso derrotista, mocinha. Você acabou de tirar a sorte grande!”

“Sim, eu tenho sorte por estar viva e obrigada por me pouparem”, ela murmura, totalmente desanimada.

“Não apenas viva, mas como vai ganhar uma promoção no trabalho e ter contato direto com os Lobos Negros.”

“Lobos Negros?”

Evan revira os olhos.

“Sim. Eu e James.”

“Vocês são os líderes de tudo isso, não são?”

O silêncio deles é o confirmação o suficiente. Elena apenas suspira e volta a olhar para baixo.

“O bônus adicional, querida, é que como trabalhará diretamente para gente, será extremamente vigiada e controlada de perto. Precisaremos saber exatamente onde você está e o que está fazendo.”

Antes que a mulher possa falar qualquer coisa, James prossegue:

“Isso significa que haverá uma mudança radical em sua vida. Tudo deve mudar, e isso inclui seu endereço, os lugares que vai, seu vestuário.”

“Mas… Eu não entendo.”

“Então permita-me ser claro. Qual é o seu nome, garota?”

“Elena.”

Ambos repetem em uníssono, como se aquilo tudo fosse uma espécie de ritual bizarro:

“Elena…”

A moça franze as sobrancelhas. Evan volta a falar;

“Elena, você irá pertencer a nós. Sua vida, sua existência, seu corpo… Tudo isso será nosso.”

O jeito que ele fala aquilo, a certeza em cada palavra…

“Ainda não entendo o que querem dizer”, ela responde, olhando de um para o outro.

Evan se aproxima lentamente de Elena, seus olhos percorrendo cada detalhe dela com um olhar faminto. Ela sente um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação de inquietação tomando conta de seu corpo. O sorriso sádico do bilionário se amplia enquanto ele continua a falar, sua voz agora ainda mais carregada de luxúria e dominação.

"Querida Elena, você será nossa submissa. Irá se entregar completamente a nós, obedecendo a cada ordem que lhe dermos. Seu corpo será nosso playground, e faremos com ele o que bem entendermos."

Os olhos de Elena se arregalam em choque e horror. 

"Vocês são loucos! Isso é inaceitável! Eu não sou um objeto que vocês podem controlar!", protesta ela, tentando resistir à ideia aterradora que lhe é apresentada.

James ri.

"Você não tem escolha, querida. Já está encurralada, e agora deve decidir se quer fazer isso do jeito difícil ou se prefere ser uma boa garota e cooperar."

"Isso é repugnante! Vocês são monstruosos!", exclama Elena, com lágrimas de indignação em seus olhos.

"Monstruosos? Talvez. Mas nós somos os monstros que comandam esse mundo, e você não tem outra opção senão se curvar diante de nós", diz James com um olhar frio e implacável.

Evan se aproxima ainda mais, tocando o rosto de Elena com uma expressão predatória. 

"Você não tem ideia do que está perdendo, querida. Será uma experiência única e prazerosa para todos nós. Não percebe o que estamos oferecendo? Esta noite você não passaria de um mero cadáver morto, jogado em um lugar tão escuro que nem mesmo a luz do sol conseguiria te alcançar. Mas agora… Agora você tem tudo. Tudo o que quiser a um simples alcance da mão.”

Elena sente uma mistura de medo e nojo, mas também percebe que está diante de uma escolha impossível. Se recusar, eles podem matá-la ali mesmo, ou a manter em cativeiro indefinidamente. E se concordar, sua vida estará completamente nas mãos desses predadores.

Ela fecha os olhos por um momento, lutando consigo mesma, mas sabe que não tem escolha. A sobrevivência é uma necessidade básica, e ela fará o que for preciso para sobreviver.

"Está bem", murmura ela, com a voz trêmula. "Eu... Eu vou cooperar."

A voz grave e ao mesmo tempo rouca de James está repleta de orgulho e felicidade.

“Uma sábia decisão.”

Um assobio agudo soa no cômodo quando James segura os próprios lábios. Era um sinal.

Segundos depois, Valentina ressurge de onde é que estivesse. Provavelmente estava a par de toda a conversa, mas não tinha permissão para participar.

“Traga os documentos agora. Mudança de planos”, ordena Evan.

Enquanto isso, o homem de cabelos escuros dá meia volta e começa a retirar as correntes que prendem os braços de Elena. Assim que acaba, ela não consegue segurar o alívio de sentir novamente os membros livres, gemendo.

“Que belo som, Elena”, ele diz em seu ouvido, causando-lhe arrepios. “Imagino o que mais poderei fazer com você quando tudo isso estiver finalmente resolvido.”

Valentina volta com uma prancheta e uma caneta em uma das mãos.

Evan e James, ainda de pé, sorriem para ela. 

Elena não diz nada, apenas continua os encarando, totalmente derrotada… E curiosa.

É o bilionário de olhos azuis que diz, então:

“Vamos redigir o seu contrato, nossa pequena mascote.”

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