Revivendo os fatos

Talvez eu tenha uma ótima memória para coisas passadas e uma péssima memória para fatos atuais.

O que importa? Se eu preciso lembrar é de coisas que me aconteceram, talvez eu penso que elas me ajudem de alguma forma! Ou é mais fácil lembrar de momentos ruins do que os bons. Os bons eu tenho anotado para um dia poder contar pros meus bons amigos. 

Olha, você não escreveu netos. Não! Eu fujo deles. Porque eu tenho uma certa síndrome de pânico que eles aconteçam.

 Talvez eu mude de ideia. Queria viver uma vida bonitinha, em que todos então felizes nos seus devidos momentos, mas a realidade não é esta. O que dá pra eu ir fazendo para ter uma vida perfeita, eu vou inventando no meu mundo invisível. Nele eu já casei, tive uma filha, que estaria atualmente com doze anos. Uma vida normal. Mas a realidade é que eu estaria passando por uma crise de depressão, procurando um diagnóstico sensato. E vivendo uma vida difícil pelas autoridades. Difícil ao ponto que eles entendam até onde eu sou capaz, dia após dia com as tais crises.

 O meu mundo invisível é aquela vida que ninguém sabe, ninguém vê, ninguém sente, ninguém se importa. Dentro de mim eu possuo todas as lembranças, sejam elas boas ou ruins...

 Resolvi sair de casa aos dezesseis, quando conheci um cara que me levaria a loucura. Mas não do modo bonito e sensual, mas de forma radical da palavra. Onde não consegui sair os próximos onze anos, e aprendi muitas defesas como em jiu-jitsu, sabe? Meio engraçado para uma história radical. Talvez porque eu já superei.

Aprendi muitas técnicas dentro dessa relação. Como defesa, ataques, golpes e contra golpes. Até me formar em faixa preta. Sim, faixa e tarja preta, na primeira separação. Onde minha depressão começa. Engraçado foi que eu não me via sem as técnicas, sem as aulas, é sem a relação. Ou eu confundi o quadro de depressão com saída de estágio. Tá, digamos que eu tenha furado a fila e sabotado o quadro de depressão. Mas eu perdi muitos quilos, fiz uso realmente de tarja preta. Mas consegui encontrar motivação após o tratamento. Mas sabe o que eu fiz? Não! 

O que você fez? Eu reatei a relação achando que o problema era eu e estava melhor após a terapia.

 Essa nossa mania de nos ajustar para os outros. Para caber no mundo de alguém, pra fazer uma diferença que ninguém se importa.

Se as pessoas buscassem assim, melhorar por elas, pelo oque vale a pena, além de se importar só com o que vão pensar da selfie na rede social. Ou da roupa no jantar daquele evento esperado. Ou na cor de cabelo ao sair do salão.

As relações seriam de fato muito melhor. E eu falo de todas.

 Eu tenho uma péssima memória eu diria, para coisas simples. O que me tornou amontoando anotações de palavras no celular. Mas, eu não vejo problemas nisso. Faz parte. Eu não levo tudo que passo a sério, porque eu me preocuparia de mais?

 Bem, voltando a falar aqui, eu tive muitos embalos na jornada que eu chamo de vida, arrisquei meu psicólogico com muitas pessoas, mesmo que elas não pareçam tão ruins. Mas de certa forma agora eu quero ter um certo cuidado com elas, porque elas ainda estão na minha vida, fazendo de conta também que estão ali, como enfeite, porque eu já as retive faz tempo. 

 Buscar falar de passado é sem dúvida um espaço aberto para cada vez me conhecer melhor. Eu não me importo de falar de passado como as outras pessoas, talvez eu não tenha nada de errado para subjugar, mas lamentar situações que me deixaram alguns dias, deprimentes. Hoje eu lido na maior emoção, porque sei, cada um tem um jeito e eu não vou levar pra vida toda o que cada pessoa foi para mim porque o foco aqui não é este.

É lidar com as minhas emoções e falar de situações que estão no meu dia-a-dia tornando meu desempenho de alguma maneira eficaz. E olhar e dizer: é, eu estou melhorando.

Adaptar a minha vida, para as coisas que sinto ne leva a pesquisar a vida de outras pessoas, outras situações das quais eu pense, eu só tenho agradecer. Ver elas relatarem mania com psicose após tratamento, não me causa medo. Me dá medo que minha família não entenda, pois eles não entendem do assunto.

 Viver em uma sociedade onde as pessoas carecem de informação, isso é o maior transtorno.

Onde tem falta de informação, tem ignorância que gera preconceito.

Relembrar de algumas situações que me aconteceram, já não me traz tristeza, porque eu sei que estou bem, dentro da minha condição, não possuo mais quadros como anteriores, mas sei não estou curada.

O meu humor não vai de mal a pior, ele segue tranquilo, eu já estive muito pior, onde eu só sabia chorar.

Hoje me vejo tão diferente e te falo, sim, é possível. Mesmo com meu físico pesado. Os nervos á flor da pele não existem. Mas os sentimentos ainda é possível. Eu sinto muito profundamente. As coisas mais constantes. Como prova disso eu consigo me colocar no lugar do outro. Há vezes que eu não sinto nada. Como se por um breve momento Todo os meus sentimentos sumisse. Mas eu vou me ajustando! 

Ajustando um remédio daqui, outro dali. Até ambos se ajeitarem na minha vida e me trazerem um pouco de alinhamento e estabilidade.

Viver a vida alinhada, possível. A gente quando é jovem vê a vida muito corriqueira. Não prestamos muita atenção em nada e só passamos a perceber as coisas depois que elas chegam. Talvez a gente pense "nunca vai acontecer nada disso comigo", ou "eu não sou desse jeito". Mas a verdade é que eu também não sabia que poderia acontecer comigo. Eu só pensava que eu era um pouco estranha, mas não imaginava que seria tão contraditório sobre a minha vida.

Eu lembro de muitas coisas que passei como se fossem uma ponte para ter causado minha depressão e trazido os problemas que desencadeou. Um pouco de trauma aqui, um estress ali, mas sabe quando você nasce para ter aquela vida, creio que ela se encaminhará para aquilo. E de um modo geral, os meus caminhos sempre se encaminharam para onde eu estivesse hoje. Eu só penso como algo normal, agora, porque eu também tive uma opinião formada sobre.

Passei um tempo tentando entender que a vida é feita de momentos, e quando estes momentos não são bem vividos, entendi que havia algo de errado comigo. Onde estava o brilho nos olhos? A ânsia por viver? De repente tinham sumido de dentro de mim. Todas aquelas  sensações e sonhos estavam adormecidos, apagados. Entendi que eu já não tinha um significado a esperar. As coisas que fazia as outras pessoas felizes para mim não era nada demais. A esperança havia fugido de dentro de mim, como de um sonho quando você acorda.

Essas coisas talvez aconteçam em uma etapa da vida, mas comigo era diferente, a depressão possuía meus dias. A depressão estava presente.

Cheguei uma etapa da minha vida que eu não tinha mais graça em nada, talvez é assim que você se sinta. Eu particularmente tinha ainda sonhos para realizar e planos, mas eu sabia que eles não iam dar em nada ou chegar a lugar nenhum. Talvez culpa da depressão, ou por realmente quase nada dar certo. Que porcaria! Esta vida é mesmo inútil. Talvez, mas aos poucos eu fui me encontrando e fui vivendo. 

Achar um espaço dentro da gente no meio de tudo isso, é um pouco difícil, porque nada te agrada, nada traz sentido. E quando algo te motiva tem que tomar cuidado, para que não desmotive de novo. Um mundo paralelo com sim e não, nunca talvez. Para nós depressivos não existe meio termo.

Talvez eu vivia rodeada de pessoas insanas, mas o que me fala ao coração é perdoar estas pessoas, e continuo, porque ainda convivo com pessoas que acham que estão sempre certas e cobertas de razões, o que as vezes torna as coisas difíceis. Eu não quero estar sempre com a razão mas defender os meus direitos.

Lembrar de fatos passado é sem dúvidas um momento contraditório, eu olho para trás eu era totalmente o oposto, cheia de ânimo, de vida, não que eu não tenha, mas agora é diferente, eu preciso sempre de um bom motivo para estar me envolvendo em algo. Porque do contrário, parece perca 


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