Meu mundo invisível - O diagnóstico
Meu mundo invisível - O diagnóstico
Por: Danih Machado
Começo

Talvez eu comece contando um pouco de minha história.

Vou tentar fazendo um resumo. Bem vamos lá, então...

... Eu era apenas uma menina quando a minha mãe começou a fazer mudanças nas nossas vidas. Eu estava tão acostumada em só eu e ela, que a medida que ela foi acrescentando coisas eu desconhecia o perigo disso. Hoje aos trinta e um anos, eu vejo como mudanças me prejudicaram, eu não consigo fazer quase nenhuma!

Escrever sobre minhas emoções e falar de meu passado é de fato uma coisa nova. Ninguém mandou, eu mesma comecei assim, me sentindo bem ao escrever! E acreditando literalmente que isso de alguma forma fosse me fazer bem. Até que prove ao contrário.

Bem eu sou estudante ainda, talvez você se pergunte como? É já já você vai saber porque. Eu iniciei alguns cursos técnicos em minha jornada, estou indecisa entre Psicologia e Letras, mas sim, eu tenho muita vontade. 

Já não sou nehuma adolescente, então não sonho, eu tenho vontades. E a faculdade é uma delas. Se eu me sinto pronta? A verdade é que sempre estamos prontos quando queremos alguma coisa, necessariamente.

E veja, isso é uma bela iniciativa para pessoas que sentem dificuldades em mudar, igual ela! Eu no caso!

Sim, eu costumo me indicar na terceira pessoa. Faz parte já, é uma marca minha.

Nasci em Viamão, mudei-me aos seis anos para Porto Alegre! O que dize-se que tive um infância chata! "Com mudanças." 

Longe das pessoas que amo, como minha avó materna, éramos muito apegadas, e ela fazia os melhores doces do mundo.

Eu consegui concluir todo o ensino fundamental, mas eu tinha minhas crises logo no início da adolescência, não conseguia concluir trabalhos, mesmo que eu gostasse da escola; sempre fui apaixonada pelos estudos, lápis novos, cadernos fofinhos, folhas branquinhas, professoras ensinando, livros didáticos, tudo isso ainda chamam de fato minha atenção.

Por isso estou sempre entrando em uma coisa nova. Além de me trazerem um certo controle. Mas com toda dificuldade de continuar. Concluir etapas... Porque Daniela? A psiquiatra disse que possívelmente é por causa do transtorno específico.

Bem, eu cresci entre os mimos de minha vó, camuflando fatos em minha vida o tempo inteiro. 

Como eu disse, era apenas minha mãe e eu, meus pais eram separados, então ela teve uma outra nova relação, meu pai também, e fomos morar em outra cidade. Depois disso eu tive anos à fio de resto de infância.

Uma criança que gostava de brincar sozinha, não via razões de levar os amiguinhos em sua casa e sempre fugia quando eles davam a idéia.

Aos três anos colecionava rótulos de iogurte! Sério? Sim! Porque achava a empilha destes bonitos, e os potes também. Era isso que eu pensava naquela época. Gostava de ver estrelas com meu pai, meu tio também me ensinava algo como a ursa maior. Constelações universais era de fato a coisa mais linda e interessante.

Meu pai ouvia muita música, que de fato eu me acalmava bastante! Minha vó me protegia, eu tinha uma melhor amiga, que inventava todas as brincadeiras legais, nós nos inventávamos de gente grande, e vocês acham que eu ia querer mudar tudo isso? Mudar de casa, de cidade?

Enfim, mas estamos aí "adeptos" as mudanças. Porto Alegre 1996, eu tive uma mudança brusca. O que mexeu muito comigo.

Novas maneiras, amizades, lugar "novo", um bairro totalmente pacato. Popularzinho. Mas a minha mãe não sabia disso. E por eu ser a mais velha, acho que ela pensou que eu devesse saber me cuidar sozinha. E de fato! Eu aprendi. Aprendi a inventar uma desculpa quando minhas "amigas" diziam que iam em minha casa.

Aprendi a fazer minhas escolhas músicais,  aprendi horário do meu banho pra escola. Aprendi a ir pra escola sozinha. Aprendi algumas coisas que crianças não fazem hoje, sozinhas.

Aprendi a brincar sozinha, aprendi o horário de meus desenhos favoritos.

Aprendi tanta coisa sem precisar alguém me dizer "olha, está na hora!"

A infância foi longa, mas cheguei na fase adulta. O que parece as vezes que eu ainda estou na infância.

Maneira de falar para certas atitudes.

Tive férias maravilhosas na cidade de minha vó. Cada ano eu esperava muito entusiasmada e ansiosa por vê-la. Quando a perdi, foi um choque!

Eu tinha já meus vinte e nove anos.

O que de fato me deixou muito deprimida por longos meses.

A vida era dura, as coisas não eram tão fáceis na minha época, para mim, por exemplo. Não vejo muitas vantagens hoje em dia sobre aqueles dias. Minha mãe teve meu padrastro a quem ela confiou como marido dela. O que só nos trouxe mais problemas. E ele levou-os com ele. Teve um problema no fígado, no ano de 2005. O que causou sua morte.

Minha relação com ele era muito problemática. Nós tivemos problemas sérios. 

Em seguida eu casei-me! O que eu achava estar fazendo a coisa certa. 

Falando posteriormente no próximo capítulo, como uma história fantasiosa, mas aqui vai um pouco de minha vivência. 

Muitos desajustada para ter um casamento. O conjuge mais ainda.

Nós não tinhamos maturidade para seguir a relação, mas foi um desafio. Esse desafio durou longos anos.

Os quais me trouxeram mais problemas.

Algo manteve aquela relação pesada, por muito tempo. E nós dois não entendíamos nada. Eu muito menos.

Onde tudo desencadeou, como chamam os médicos, a depressão.

Até então na primeira tentativa de abrir-mos mão, nossa primeira separação. Onde começou, minha crise de depressão.

Fazer o tratamento me levou crer que eu estava pronta para reatar-mos, mas não. Lá se foi todo o meu dinheio em tratamentos e remédios em vão.

Ele não estava pronto para o compromisso, não comigo.

Bem, pelo menos consegui superar a crise. Talvez meu ex acabe igual o meu padrastro. Talvez não. Vai saber.

Longos anos, muitas brigas, o que me fazia sentir a pessoa mais brava e infeliz, por coisas bobas até sem noção. Sabia que tinha algo errado, pensava ser os motivos da vida, mas eu? Não sabia lidar, de jeito nenhum.

Fui mãe aos dezoito anos. O que me leva a perguntar a outras pessoas, como é ser uma mãe com o seu problema?

Um filho a gente ama? A gente tem cuidados? Eu tive meus sentimentos reprimidos, tentei cuidar dos nove meses, não afetar a criança, foram os nove meses mais ilustres e bem planejado. Eu cuidava daqueles nove meses com maior cuidado, porque eu sabia o que sentia, e não queria prejudicar a criança, a minha criança.

Nasceu uma criança, nas minhas condições.

"Imagina a seguinte cena, ele está com você tudo numa boa. De repente por um breve momento, você esqueceu o que ele é, o que ele foi, o que ele fez, o nome dele. De repente vai chegar uma hora que ele tenha que ficar te lembrando. Desdo dia que você conheceu. Nasce a filha mais bela, e você não sabe que foi ele que te deu.".

Isso aconteceu no dia que nasceu minha filha. No hospital. Eu já lidava com o transtorno, mas não tinha diagnóstico.  Por um momento desconheci por completo o meu ex, pai de minha filha. A enfermagem alegou ser normal.

As coisas vão fazendo sentido. Porque é tudo meio inconstante.

As vezes é normal te dar um branco, esquer alguma data. Mas parece ironia do destino, você decora senhas, números de telefone, endereços e esquece pessoas que deveria ser importante. Calma, não é culpa dela. Ela esqueceu por um breve tempo, depois tudo voltou ao normal, talvez ela deveras esquecer algumas pessoas pela vida inteira. Se tivessemos essa capacidade. As pessoas mais importantes ficassem guardadas. E todos os sentimentos ruins fossem afastados. Isso são coisas que acontecem.

Quando isso aconteceu, eu estava vivendo uma fase tranquila, mas com algumas preocupações. Estava longe de casa, vivendo na minha mãe, fazendo o pré-natal na cidade grande. Fazia uns três meses que não ia em casa. Só ví o pai de minha filha, um pouco antes e quando ela nasceu. Mas falava-mos quase todos os dias ao telefone. Essa situação gerou um certo questionamento por parte da ex sogra. Que falou em um suposto tratamento. Mas eu não fiz questão.

Talvez eu me pergunto sobre um futuro, mas ele não me causa preocupações.

Guardei uma frase do qual diria minha vó :"não chora, pois pega tudo nela!" Coisa de antigo, mas eu não ia arriscar. Aguentava coisas calada, típicas de uma relação. Uma relação que ia de mal a pior, sem muita importância, do qual eu confundia amor com grude e ele só mantendo-se sempre afastado. Talvez hoje eu o entenda, é bom manter distância.

Fui uma mãe tranquila, não lembro de nenhum sentimento contrário, o choro na madrugada trazia um cansaço, era um tipo "ei acorde agora!" Dividia-mos as atividades, era tipo uma coisa pra cada, um trocava a fralda o outro fazia a mamadeira, e assim a cada dia, um dia pra cada. Sucessivamente!

De fato ser mãe não foi a pior situação. Os problemas eram mais comigo mesma, e vieram depois. Eu 

só não sabia lidar com as birras daquela criança. As birras! Me traziam um sentimento de frustração. O que não estava dando certo? Onde eu estava errando? Eu queria ser a mãe perfeita, aquelas que o filho tinha educação, que ia bem na escola, tirasse notas boas, sempre limpinha, e sobrava atenção. Ao ponto de tornar-se chata. De certo modo os melhores momentos eram quando eu lia pra ela, a gente ria-mos das histórias, ela foi crescendo e encarando o mundo dela. O mundo dela é diferente do meu, ainda bem!

Os filhos de algum modo é uma enorme novidade, você passa a cuidar  tanto de alguém que sente o compromisso te arranhando, se algo der errado é como se doesse, você sente que aquilo te consome, o cuidado exagerado, nos mínimos detalhes.

Bem meu ex e eu nos separamos.

Separamos, definitivo. Relação sem sucesso. 

Passado algum tempo, eu fui viver a minha vida, tentar ser certinha e feliz.

Seguir trabalhando, voltar a estudar, porque quando fui casada me privei de quase tudo. Meus passeios ficaram mais curtos.

Então, a medida que sozinha eu estava, mais sozinha eu ficava. Me fechava em meu mundo.

Tudo normal, quase normal. Exceto alguns comportamentos que pareciam sem importância.

Mas era tudo tão normal. Até eu continuar a me sentir estranha dentro daquilo tudo. E parar pra pensar "eu não era assim". O que está acontecendo? Meu humor, parece uma faísca. Eu era um amor com dezesseis anos. Como fiquei assim?

Eu me tornava uma chata. Manias, compulsividades, hiperatividades, eu estava indo de mal a pior e sem graça.

Mas eu achava que tinha "gênio forte".

Segunda crise de depressão

Sabia que aqueles sentimentos estavam diferentes. Surtei! Tive uma crise profunda. Mania de perseguição, alucinava, não entendia nada. Mas era uma crise.

Nela eu deixei de realizar as coisas mais simples, eu tive uma queda, e todos viram. 

Eu cai e todos tentavam me levantar.

Sem sucesso! Eu estava um fracasso.

Achei que estava partindo, e confesso eu não tive medo. Queria que aqueles dias terminassem logo. Mas eles nunca chegavam ao fim.

É, ao fim de mais uma vida para a depressão. Não queria iniciar tratamento, o que demorou mais para eu me ajustar de novo.

Então depois de algumas resistências, concluí o breve tratamento, e veio o diagnóstico.

No começo eu deixava tudo vago.

Não dava bola, mas achava estranho o meu jeito as vezes, indiferente.

Eu sempre fui muito tudo ou nada. E lidar com isso me trouxe uma série de problemas nas relações. Eu queria as coisas pra ontem. Minha vida então mudou muito porque as pessoas que eu convivia, era de fato, desligadassas!

Não davam muita bola para as coisas que eu dava, não davam muita razão e eu achava aquilo também estranho.

Não que eu não queria que fizessem tudo de acordo, mas um pouco.

Meu casamento por vezes desencadeou minhas crises, a convivência me deixava muito nervosa. Não convém que eu fale, mas atitudes erradas e grosseiras sempre me trouxeram um certo problema me fazendo causar mais problemas, eu não me conhecia direito ao ponto de resolver discretamente, e os nervos a flor da pele, não me fazia centrada diante de uma situação de ofensa por exemplo. Mas, até aí tudo bem.

As coisas foram melhorando depois que eu separei. O resultado como eu já mencionei, veio mais tarde.

Mas ainda assim, eu possuía um temperamento que eu não gostava. Um comportamento que eu achava um pouco feio. Para uma mulher de minha idade. 

Depois que fui me conhecendo, eu consegui me centrar, fui melhorando pouco á pouco, ao ponto de gostar de minha própria companhia. As pessoas já não saiam de perto. Até queriam ficar. Aí que a coisa mudou, quem já não queria mais ninguém por perto, era eu.

Esse comportamento faz parte, ficar sozinha já virou costume que agora só consigo resolver minhas crises dessa maneira. Mas está tudo bem em lidar com pessoas, mas eu sempre preciso do meu espaço.

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