Uma Conversa com Tobby
A tarde pendia cinzenta sobre a cidade, e nuvens pesadas deslizavam pelo céu como presságios de algo que ainda não tinha nome.
A sorveteria de Tobby estava quase vazia, exceto por uma senhora idosa tomando uma casquinha de chocolate perto da janela. O sino sobre a porta tilintou baixinho quando o delegado Peter entrou, retirando o chapéu e batendo o pó das botas no tapete gasto. O aroma doce de baunilha misturado a caramelo quente envolveu o ambiente como um abraço morno, tentando disfarçar a inquietação no ar.
“ Uma bola de creme queimado com caramelo salgado, como sempre,” disse Peter com um suspiro exausto, apoiando os cotovelos no balcão.
Tobby enxugava as mãos com um pano já úmido de tanto uso. Sorriu, mas o sorriso veio hesitante.
“ Delegado... Dia puxado, é?”.
Peter assentiu, esfregando a nuca com um gesto automático.
“Acabei de ouvir a coisa mais absurda da semana... e olha que ultimamente, absurdos têm sido rotina.” Ele pegou o pote de sorvete que Tob