Suspeita
Peter dirigia em silêncio, os dedos tamborilando no volante. Elvira, no banco ao lado, observava pela janela, os olhos vermelhos. Ela sentia. O cheiro de sangue ainda impregnava o vento, fresco, pulsante, e havia algo mais... algo que nem ela reconhecia.
“ Você está sentindo também, não é?” perguntou Peter, sem olhar para ela.
“ Sim.” respondeu Elvira, a voz baixa, quase um sussurro. “Mas não é apenas uma criatura. Há... uma colônia inteira se movendo por baixo da floresta.”
Peter apertou o volante com força.
“ Eles não são humanos.”
Ela o olhou de soslaio, um meio sorriso tocando os lábios vermelhos.
“ Você ainda tenta se convencer disso? Depois de tudo o que já viu comigo?”
Ele não respondeu. O carro parou bruscamente diante da placa enferrujada que marcava o limite da reserva. O silêncio ali era tão profundo que nem os sons dos bichos ousam fazer barulho.
Desceram. O ar estava frio, úmido, pesado.
Peter sacou a arma; Elvira, apenas ergueu o queixo, como quem diz: fiquem n