O Teatro
As viaturas cortavam o silêncio da madrugada com seus giros vermelhos e azuis. Fitas amarelas envolviam a clareira da floresta como se pudessem impedir o horror de escapar.
O corpo de Lucas jazia sob um lençol branco. Ninguém ousava tocar. O rastro de sangue até a árvore era longo, tortuoso... bestial.
Sabine estava sentada sobre uma pedra, os ombros cobertos por um cobertor cinza, os olhos vermelhos, o rosto úmido de lágrimas secas. Ela tremia como qualquer irmã humana faria. Quem olhasse... diria apenas isso: uma mulher comum, arrasada.
Mas por dentro, o monstro se debatia, urrava, sangrava.
Ao seu lado, o velho Bill, o caso de longa data de Sabine, mantinha-se calado, a mão sobre a dela, como se fosse o único porto seguro possível.
“Você viu alguma coisa, Sabine?” perguntou o delegado Peter, com seu bloquinho em mãos, sem saber se olhava para ela ou para a cena grotesca atrás da fita.
Sabine respirou fundo, fazendo o papel.
“ Não... eu... encontrei ele assim. Já estava…”