O Nascimento
O quarto do casarão estava mergulhado numa penumbra úmida, com o cheiro de sangue, ervas queimadas e suor misturando-se no ar pesado. Helena jazia inconsciente na cama, mas seu corpo reagia com espasmos e contrações violentas.
Beth e sua filha, bruxas de linhagem antiga, trabalhavam rápido. Lençóis eram trocados, bacias de água fumegavam, ervas eram trituradas no pilão com murmúrios em línguas mortas.
“ Ela está sangrando muito.” murmurou a jovem bruxa.
“Segura firme. Ela vai parir agora” respondeu Beth, os olhos fixos na barriga de Helena.
Mas Helena… não estava ali.
Dentro de sua mente, ela ainda era Morgana. Sentia o peso do punhal, a traição, o beijo entre aprendiz e amante sobre seu corpo moribundo. O ódio ardia como fogo líquido correndo por suas veias.
“É por isso…” A voz era grave, distante, ecoando como se viesse de séculos atrás. Helena se virou e viu bruxas anciãs, cobertas por véus negros, observando a cena de sua morte.
“É por isso que é proibido… bruxas e Va