A Primeira Fome
Já havia passado um mês desde o nascimento dos meus filhos, e, nesse tempo, eles ainda não assumiram a forma humana. Permaneciam como pequenas criaturas de aparência selvagem, misto de lobos e vampiros, seus olhos brilhando em tons diferentes, ora dourados como brasas, ora vermelhos como sangue recém-derramado.
Essa condição me inquietava profundamente. Eu era mãe, queria cuidar deles como qualquer mãe faria. Mas como levá-los ao médico? Que humano compreenderia o que eram? Só de imaginar, meu coração disparava de medo.
Além disso, meu corpo sofria. Meus seios estavam doloridos, os bicos rachados de tanto amamentá-los. No entanto, percebia que aquilo não era suficiente para eles. Cada mamada parecia deixá-los ainda mais inquietos, como se buscassem algo que eu não podia dar.
Rocco percebeu minha aflição. Numa noite, enquanto eu tentava acalmar os gêmeos que se contorciam em meu colo, ele se aproximou, com aquela serenidade que às vezes me assustava mais do que qualquer