A Filha Perdida
As correntes tilintavam com o peso da umidade e do tempo. A cela diante de Elena parecia respirar, como se estivesse viva, um organismo antigo moldado em pedra. Ela se ajoelhou, aproximando o rosto das barras frias e cobertas de limo.
“Você está bem?”, sussurrou, o som da própria voz ecoando com leveza perturbadora.
A mulher no chão moveu-se lentamente, como se o corpo estivesse preso a um mundo diferente. O cabelo molhado grudava-se ao rosto. Com esforço, ergueu a cabeça. Seus olhos, mesmo inchados e fatigados, tinham um brilho ancestral, profundo, insondável.
“Quem é você…? Vá embora enquanto pode” perguntou a mulher, a voz áspera como pergaminho velho.
Elena arregalou os olhos. Aquela mulher… a voz… o rosto machucado, mas reconhecível. Ela se aproximou ainda mais das grades.
“Consegue me ver?”,perguntou com um tremor na garganta. Ela havia sido invisível para os outros. Apenas uma sombra. Mas agora…
A mulher assentiu. Lentamente. E foi aí que tudo dentro de Elena es