Natasha, uma jovem garçonete órfã e de passado sofrido, atrai o olhar do poderoso e enigmático André Sorrentino Nicolo, um magnata italiano marcado por perdas, decepções e um coração endurecido. De longe, ele a observa em silêncio, encantado com sua beleza e doçura, mas também consciente da diferença de idade entre eles — e da sombra que carrega em si. Quando Natasha é humilhada em uma festa por um dos convidados, André, tomado por um impulso de proteção (ou seria posse?), interfere e a salva da situação, mas transforma esse ato nobre em um movimento calculado: a convence a trabalhar em sua casa como empregada. Com isso, a presa entra, ainda inocente, na cova do predador. A dinâmica entre eles é carregada de tensão. Natasha se sente atraída por André, mas também receosa. Ele, por sua vez, tenta se convencer de que quer apenas ajudá-la, mas não consegue disfarçar o desejo avassalador que cresce a cada dia. Entre aproximações e recuos, o jogo de dominação e resistência se instala. André é o predador — experiente, sedutor, perigoso, acostumado a vencer. Natasha é a presa — frágil, perdida, mas com uma luz que pode curar, ou ser consumida. Ele quer protegê-la, mas também tê-la. Ela quer acreditar nele, mas teme se entregar ao lobo vestido de cordeiro. Afinal, o que André será para ela: o salvador que rompe seus medos ou o predador que os alimenta?
Leer másAndré Sorrentino Nicolo
Encosto-me à parede e observo a cena que se desenrola à minha frente. Sorrio com a imagem da linda garçonete circulando pela casa carregando uma bandeja de bebidas. Eu tenho a observado há bastante tempo nas festas bancadas pelo meu pai. Meu mentor nos negócios, hoje aposentado, Enrico Sorrentino Nicolo.
Ela é a coisinha mais linda que já coloquei os olhos.
A garota é uma graça. Sua pele parece de porcelana, os olhos verdes têm tons alaranjados.
Os cabelos castanho-escuros naturais estão sempre erguidos num coque alto. Eles incitam minha curiosidade em querer saber o comprimento deles e dão asas à minha imaginação.
Frequentemente sou assolado pela imagem dela deitada, os cabelos soltos esparramados sobre o travesseiro, gritando meu nome em satisfação enquanto eu libero todo o meu gozo dentro dela.
Solto o ar enquanto a observo oferecer os drinks.
Seu jeito tímido em se portar, de se mover entre as pessoas mexe comigo.
Linda, mas muito jovem. Dezenove anos. Natasha Willians fará vinte anos em dezembro. Quando olho para ela vejo toda uma vida pela frente para ser descoberta. Espero que no amor ela tenha mais sorte do que eu. Mas duvido. Terá que beijar muito sapos para encontrar seu príncipe.
Sim, eu sei tudo sobre ela. Contratei um cara, um detetive, para ser exato, e ele me deu sua ficha completa:
Natasha fora criada por sua mãe até nove anos. Com a morte dela, Natasha foi para um orfanato, onde ficou até completar a maioridade. Passou então por um abrigo temporário até ser integrada na sociedade.
Hoje ela vive num lugar bem modesto. Para dizer a verdade, bem deprimente e esse é o seu primeiro emprego.
Observo-a de cima a baixo, me detendo em suas lindas pernas e seu bumbum arrebitado.
Dio Santo, ela realmente é uma perdição.
Mesmo focado em algo, ou eu estando virado em outra direção, eu sempre percebo sua presença. Estou sempre ciente de sua proximidade.
Seu cheiro fresco sempre a precede.
Solto o ar com frustração.
Sua tenra idade tem me brecado em chamá-la para sair. Não é fácil. Ela parece ter nascido para despertar fantasias nos homens.
Ela caminha em direção a um velho amigo de nossa família com a bandeja. Raul pega uma das bebida e sorri para ela de um jeito que não gosto. Ela o ignora e vai até Arthur. Vejo também como sua fisionomia se transforma ao vê-la. Parece um lobo babão. Um sentimento ruim me toma e eu me seguro para não ir lá e acabar com aquele sorriso lascivo que ele está lhe dando agora.
Nem preciso. Minha menina sabe se virar. Com prazer assisto a linda Natasha fechar o semblante e se virar em outra direção.
Bravo ragazza! É isso aí. Coloca esses vermes cada um no seu lugar.
No caminho seu olhar cruza com o meu. Minha pele inteira se arrepia e meu corpo entra em alerta sexual, despertando novamente sentimentos controversos dentro de mim.
Sou eu, como sempre, sendo nocauteado por tamanha beleza.
Forço-me a encará-la impassível. Não quero olhá-la como todos eles. Ainda assim Natasha se sente inibida e desvia suas íris verdes enquanto avança na minha direção.
Faz todo seu trajeto até onde estou sem olhar para mim, mas uma coisa não me passou desapercebida. Ela está nervosa. Sei disso pela maneira que a bandeja treme em suas mãos. Acredito por saber quem sou.
Minha respiração engata com sua proximidade. Ela ergue os olhos e meu mundo sai de órbita. Sempre me sinto assim. Seus olhos são fascinantes.
Eis que tenho a imagem de um anjo. É assim que a vejo.
Pura, sensível e.... nova.
Toda vez que falo com ela sinto muitas coisas, mas o que mais me chama minha atenção é a paz que ela traz para a minha alma.
É bom saber que ainda existe no mundo mulheres como ela.
No meu meio está muito difícil de encontrar...
Fúteis, apegadas ao material, ao que posso oferecer. Atraídas pelo meu nome, pelo meu status. E as que tem cérebros não fazem meu tipo.
—Uma bebida senhor Nicolo?
Ela nunca me viu beber álcool nas festas, mas sempre oferece um copo para mim por puro profissionalismo...
Bem, assim eu penso.
Mantenho minha respiração normal, embora meu coração bata violentamente no peito. Incrível como perco o controle sobre ele.
Um sorriso frio cruza meu rosto. Sinto meus músculos se contraírem e mais uma vez me recuso a não me comover por esse lindo rosto, nem por esses olhos maravilhosos, nem por esse majestoso sorriso.
Dio, pena que Natasha é muito nova para mim...
Com meus trinta e cinco anos me sinto um velho perto dela.
Aceno um não com a cabeça e lhe dou um sorriso amistoso.
—Obrigada Natasha. Mas hoje não vou beber.
Não resisti em chamá-la pelo nome. Queria que ela soubesse que não é invisível para mim.
Ela não esconde sua surpresa abrindo sua boquinha linda. Com certeza por eu ser um dos homens mais ricos segundo a revista Forbes e ainda saber o nome dela.
A história do meu sucesso está em toda parte. Todos conhecem minha reputação como tubarão dos negócios. Em poucos anos multipliquei a riqueza da família.
A simples construtora que herdei, hoje é apenas uma das minhas máquinas de fazer dinheiro.
Com um sorriso tímido Natasha dá um aceno de cabeça e se afasta de mim e eu me controlo para não chamá-la para dizer algo.
Não sei....
Uma coisa eu coloquei no coração, ela estará sempre no meu radar. Sempre a ajudarei de alguma forma, mesmo que ela não saiba. Ainda que no anonimato.
NatashaRetiro minha roupa de princesa com a ajuda de André. Estou saboreando cada minuto da noite com ele, ao mesmo tempo em que repasso várias vezes como meu amor me apresentou com orgulho para seus pais, para as pessoas. A imagem dele me olhando com adoração está tatuada na minha mente.Senti todo tipo de reação.Os pais, tios e primos ficaram felizes por nós. A mãe de André chorou de felicidade enquanto me dava um abraço apertado.Os altos executivos nos felicitaram com recato, uma apertada de mão e um sorriso fraco no rosto. Acho que eles não aprovaram muito a escolha de André.Que se dane!Vi muita hipocrisia e inveja entre as mulheres solteiras, nos felicitando com um sorriso como se aprovasse a escolha de André, mas por trás eu pude sentir o desprezo nos olhares, nos sorrisos jocosos, nos cochichos entre elas.A despeito de tudo isso, não me afetou os narizes entortados que recebi pelas costas. Nada conseguiu estragar minha noite de Cinderela, que foi perfeita, gloriosa.Meu v
—Sendo beijado, você quer dizer. Foi Helen que me beijou. Naquela hora eu passei mal e ela se aproveitou da situação.Aceno um sim para ele.—Agora assimilei isso.André coloca meu rosto entre suas mãos e seca minhas lágrimas com seus polegares. Seu olhar é sério no meu.—Eu te amo Natasha. E nunca! Nunca duvide de meu amor por você.Eu retiro suas mãos do meu rosto, mas apenas para me lançar em seus braços.—Nunca meu amor.André me faz olhá-lo novamente.—Ambos erramos. Eu por não ter te assumido logo e Você por ter saído de minha vida sem me ouvir, sem me dar a chance de elucidar tudo.—Sim. Isso para mim faz parte do passado. O importante agora é que estaremos sempre juntos.André me puxa fortemente para os seus braços, então sua boca se cola a minha e ele me dá um beijo faminto. Exigente.Deus! Como eu senti falta disso!Quando finalmente André se afasta, ele me abraça apertado como se tivesse dificuldade em me deixar ir.Com o coração disparado, ainda trêmula por tanta emoção,
Eu o encaro. Os olhos ardentes de André seguram os meus, o idiota do meu coração dispara.—É verdade o que Helen disse. Eu te amo. Leia a verdade em meus olhos. Você é muito especial para mim e eu não posso nem pensar em te perder. Você é a mulher que eu quero passar o resto dos meus dias. A mulher que eu me apaixonei.Embora As palavras de André me deixam um pouco atordoada, eu fecho os olhos, não quero ler nada nos olhos dele.—Natasha, por favor, olhe para mim. Por que é tão difícil acreditar nas minhas palavras? Desde que te conheci não sou mais aquele homem que pintaram para você. Isso ficou no passado.Ouço ao agito das pessoas ao nosso redor. Sei que estamos começando a chamar a atenção, mas eu não me importo. Não vacilo.Ainda tem inúmeras questões na minha cabeça, como por exemplo ele estar aqui nesta festa e entrar todo sorridente ao lado de Helen.Abro meus olhos e o encaro com raiva. Minha raiva não poderia aumentar mais. Estou no meu limite.—Vocês dois são dois bastardos
NatashaMinha paz se finda quando vejo a família de André saindo na varanda e caminhando em direção ao jardim. Seguro-me em uma das cadeiras vazias quando sinto minhas pernas falharem. Fecho meus olhos querendo que o mundo desapareça.Respiro fundo várias vezes tentando recuperar meu autocontrole, segurando dentro de mim todas as emoções conflitantes. Quando finalmente consigo me acalmar, forço minhas pernas a funcionarem e com determinação avanço até a sala para falar com Eleonora. Não tenho condições de participar desta festa! Tudo indica que André logo estará aqui. Deus! Estaco imediatamente e chego a perder o ar quando o próprio surge na varanda. Ele não está sozinho. Está acompanhando daquela mulher que o beijou e isso me deixa mais perto das lágrimas. Eu me sinto ridícula por me sentir ainda assim por ele. Esse homem não vale um centavo!Mesmo me forçando a uma frieza de sentimentos, eu não consigo. Estou emocionalmente abalada. Tremendo saio do alcance de seus olhos. Conto
NatashaOntem o dia passou como um borrão. Depois de arrumar a cozinha, dormi um pouco e bem a tardezinha fui andar nesta linda praia particular.Descobri que além dela, atrás dos rochedos há uma praia bem povoada, nessa hora dei-me conta da fortuna da pessoa que possui essa casa.À noite me recolhi cedo e dormi cedo também. Acho que o dia prazeroso contribuiu para o meu sono. É a primeira noite que acontece isso desde que deixei André. Geralmente minhas noites tem acabado em lágrimas.Ainda tenho que me esforçar muito para não ficar pensando nele. Ontem mesmo enquanto eu caminhava na praia minha mente buscou suas imagens. Isso acontece sempre, ainda que eu saiba que o melhor é esquecê-lo.Agora estou arrumando as lindas flores nos grandes vasos espalhados pela casa. Elas chegaram aos montes. De certa forma invejei a noiva. Segundo Eleonora a casa é do noivo. E todo esse preparativo é por conta dele.A quantidade de flores diz o quanto esse homem está apaixonado. Chega a ser tocante.
Momentos depois estou vestindo por baixo de um vestido de algodão branco o biquíni que encontrei e que por coincidência é meu número. Pego a toalha e sigo pelo corredor que me levará até a cozinha. Há uma senhora cuidando do almoço. Ela imediatamente se vira para mim quando me avista.—Lisa, essa é Natasha Becker. Ela nos ajudará amanhã com a arrumação da festa —Eleonora diz e dá uma piscada para ela.Ela me avalia com os olhos por tempo demais. Chega a me incomodar. Acredito que por mal ter chegado e já poder desfrutar a praia.—Prazer em conhecê-la, Lisa—digo sem graça.Ela não diz nada, apenas acena um sim. Sinto a mão de Eleonora pinçando meu braço.—Antes de ir, sente-se.Ela me leva até uma mesa posta. Há mamão cortados em cubinhos. Pão francês, geleia, manteiga, croissant que parece ser de presunto e queijo e um bule de café fumegante. —É para mim? —Sim. Saco vazio não para em pé.A adrenalina corre minhas veias. Tá tudo meio esquisito. —Não gostou? —Eleonora corta os meus p
Último capítulo