Descobrindo Inconsistências

Após um almoço estranho e repleto de bizarrices, retornei à minha sala e continuei trabalhando até que Alice me chamou para ir à sala de Saulo. Agradeci a ela por me encaminhar e dei algumas batidas na porta, recebendo permissão para entrar.

"Com licença, Alice pediu para que eu viesse", mencionei. Saulo fez um gesto para que eu me sentasse, e assim o fiz.

"Acho que não fomos devidamente apresentados. Muito prazer, sou Saulo Lucatto, e pelo que estou vendo, estaremos juntos na defesa", ele se apresentou.

"Sou Sammya Maciel. Ontem à noite, revisei todo o caso e fiz anotações sobre algumas inconsistências que encontrei", respondi.

"Você estudou o caso?", ele perguntou, parecendo surpreso.

"Por que está surpreso? Essa não é a função de um advogado?", indaguei.

"Sim, sim. Só que geralmente as pessoas, quando estão em seu primeiro dia, esperam pelo nosso relatório final", explicou ele.

"Que tipo de pessoa faz isso?", retruquei. Ele olhou para mim e estava prestes a responder quando Wesley e Verônica chegaram. Verônica era a mulher que não me suportava, e eu ainda não sabia o motivo.

"Ninguém me avisou que a novata estaria no grupo?", provocou Verônica com seu olhar falso.

"E por que você deveria saber de alguma coisa?", respondeu Saulo, encarando-a. Ela ficou sem graça.

"Eu não tenho problema nenhum com a nossa nova amiga", afirmou Verônica, enquanto eu a olhava entediada. Saulo rapidamente nos entregou alguns arquivos.

"Vamos focar no trabalho, ok?", ele pediu, e nós assentimos. "O nosso novo caso é um homicídio."

“Homicídio? Eu pensei que seria um caso ambiental, já que a Sammya está aqui”, Veronica começou a me provocar.

“Na verdade, também sou da área criminal”, respondi com um sorriso. Minha vontade era dizer algumas verdades a ela, mas decidi evitar confusões no momento.

“Ah, sim! Você é tipo um "bombril", com mil e uma utilidades”, ela disse com sarcasmo.

“Exatamente!”  respondi com um ar de ironia, e ela olhou um pouco irritada. Coitada, se pensou que me deixaria desconfortável, enganou-se.

"Veronica, você já terminou sua investigação do FBI?" interveio Saulo, pedindo desculpas. Em seguida, ele se dirigiu a Wesley: "Wesley, leia o caso para nós."

"Com certeza. Ana Cristina Hoffmann foi encontrada morta em seu apartamento em Santa Teresa, no centro do Rio de Janeiro. A hora da morte foi estimada em meia-noite e quinze", começou Wesley. "Ela foi encontrada no dia seguinte por sua amiga Thereza Bianca Mendes, que foi até seu apartamento após ligar diversas vezes para ela. Thereza afirma que o ex-marido da vítima, William Hoffmann, é o responsável pela morte."

"O que eu não encontrei nos autos é o motivo para ele ir a julgamento", perguntei um pouco confusa, e ele me entregou outra pasta.

"Estes documentos chegaram ontem à tarde. Encontraram impressões digitais dele no apartamento da vítima, além de sua caneta de uso contínuo", explicou Wesley.

Li o documento que ele me entregou e depois o passei para os demais. Fiz algumas anotações e aguardei que todos terminassem.

“ Eu tenho um adendo a fazer”, peguei a todos de surpresa. “A amiga disse que ligou diversas vezes, mas o que consta aqui é que Thereza ligou apenas três vezes, às 03:30h, 05:00h e 10:00h.”

“E o que isso significa?” Veronica perguntou, e Wesley concordou.

“Primeiro, ela disse que estava em um jantar e depois esticou para uma festa que acabou à meia-noite. Então, por que começar a ligar para a amiga às 03:30h, considerando que ela mesma disse que sua amiga costuma dormir cedo? Por que ligar tão cedo?” Todos pararam para analisar o que eu disse.

“Vamos anotar essa informação, muito bem Sammya. Podem ler as cópias para casa e analisem cada detalhe e segunda -feira,  nos reuniremos mais uma uma vez todos estão de acordo?” Saulo perguntou e concordamos. 

Ele deu a nossa reunião por encerrado e eu me levantei e fui direto para a minha sala, voltei ao meu trabalho e quando deu a hora para sair, me despedi de Alice e fui para minha casa, estava completamente cansada, mas me lembrei que deveria ir para o jantar que minha irmã está preparando, eu não tinha vontade alguma de ir, porém tenho certeza que ela deve estar preparando o jantar para um batalhão, estava prestes a sair quando Pedro me ligou e perguntou se poderia vir para minha casa e disse a ele que estava indo para a minha irmã que nos encontraríamos depois, desliguei o celular e fui para meu carro, como meus pais morreram em um acidente de carro tenho um problema sério com algumas coisas, como dirigir sem cinto e  olhar o celular, outra coisa que raramente faço é ligar o som, pois meu maior medo é me distrair e acabar matando alguém. A casa da minha irmã não é muito longe e em menos de quarenta minutos eu estava tocando a campainha. 

“Olá, minha filha”, Rogério me cumprimentou quando cheguei, ele sempre brinca comigo assim já que quando conheceu a minha irmã ela era a minha “mãe”. 

“Oi, papai, como você está?” Entrei na brincadeira.

“Estou muito bem, vem meu bem, entra ou vai acabar ficando resfriada.” Revirei os olhos e entrei.  

“Tia.” Meus sobrinhos vem correndo e gritando. 

“Oi, pestinhas.”  Abraço meus pequenos e eles sorriem. 

“A gente tava com saudade de você.”

“Eu também estava com saudades de vocês.” Minha família é muito sentimental, os dois me tratam como se não me vissem a meses. 

“Os seus sobrinhos estavam sentindo a sua falta, sua desnaturada.”  Minha irmã me abraça. 

“Ai irmã a minha vida está uma correria, desculpa por não estar mais presente.” Digo sincera. 

“Sammy, somos apenas você e eu por isso temos que estar sempre unidas.” Minha irmã olhou para mim e sorriu. 

“Eu sei irmã. Vamos para a cozinha, vou te ajudar a pôr a mesa.” Meus sobrinhos protestaram, pois queriam que eu ficasse brincando com eles, mas disse a eles que depois do jantar os levaria para brincar no jardim e os dois ficaram pulando animados. 

Fomos para a cozinha e ajudei minha irmã a finalizar o jantar e pôr a mesa, assim que terminamos ela chamou as crianças e o marido para jantar. 

“E então Sammy, como está o seu trabalho?” Rogério perguntou. 

“Está indo tudo bem, só tem uma funcionária que não sei por que fica no meu pé e coincidentemente ela tem seu nome Vero.”

“Manda essa mulher para a puta que pariu”, minha irmã disse, soltei uma gargalhada e Rogério olhou para ela de cara fechada e apontou para as crianças “me deixa Rogério, eles nem prestaram atenção.”

Após o jantar ajudei minha irmã a limpar a cozinha e depois fui brincar com as crianças como prometido, assim que elas se cansaram Rogério mandou os levou para dormir e Vero me chamou para ficar na sala com ela. 

“Fico tão feliz por você ter encontrado o Rogério.” Minha irmã sorriu.

“Pois é, ele é maravilhoso em todos os aspectos e quando digo todos, você sabe o que quero dizer.” Minha irmã piscou para mim. 

“Não preciso saber dos detalhes.”  Digo a ela que sorriu. 

“Sam, acho que você deve parar de ficar nessa relação sem futuro com Pedro e encontrar um amor de verdade.’’  Massageei minha têmpora. 

“O amor é para você, não para mim.” Ela ficou quieta e deu um gole no seu suco. 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo