Capítulo 2
O silêncio da noite se estilhaçou — uma batida frenética na porta, o grito profundo de um guarda.

— Don! É uma emergência!

O nome de Livia cortou através da comoção.

Caius saltou da cama.

— O que foi? — Ele vestiu uma camisa e abriu bruscamente a pesada porta de carvalho.

— É a Livia, Don! — A voz do guarda estava tensa de pânico. — Ela se trancou no quarto. Histérica. Diz que vai... machucar o bebê!

A cor sumiu do rosto de Caius.

Ele me empurrou para passar. Eu tropecei, meu quadril batendo contra a quina afiada da penteadeira.

Lágrimas brotaram em meus olhos pela dor, mas engoli qualquer som.

Ele nem mesmo me deu uma segunda olhada, passando por mim como uma tempestade.

Me apoiei na parede e o observei correr pelo corredor, seus homens logo atrás, uma tempestade se dirigindo para o quarto de Livia.

Me afastando da penteadeira, lentamente o segui.

O corredor estava bem iluminado, uma dúzia de homens amontoados do lado de fora da porta de Livia.

— Livia! Abra a porta! — Caius bateu o punho contra a madeira. — Não faça nada estúpido!

Um soluço de partir o coração veio de dentro.

— Caius... estou com medo... estou com tanto medo... — A voz de Livia tremeu. — Se eu não conseguir, pelo menos deixe o bebê...

— Não fale bobagem! Você vai ficar bem! Nós dois vamos ficar bem!

— Apenas abra a porta!

Sua voz estava carregada de puro pânico.

Eu me apoiei na parede do fundo, não dizendo nada.

— Derrubem! — Caius ordenou aos seus homens.

Marco e dois outros bateram os ombros na porta.

No terceiro impacto, a fechadura cedeu.

Caius foi o primeiro a entrar.

Caminhei até a entrada, pronta para o resto do show.

Livia estava soluçando descontroladamente, sua voz lastimável.

— Caius... eu não queria dizer nada... mas esta tarde... Alessia mandou uma criada com um caldo especial...

— Ela disse que era um tônico, para ajudar com a gravidez...

— Mas depois que tomei, minha barriga começou a doer, e comecei a suar frio.

Caius se virou, rugindo para os homens no corredor.

— Chamem o médico da família! Agora!

Livia agarrou sua mão, fingindo tranquilidade.

— Não se preocupe, o médico já esteve aqui. Ele me deu um remédio. Estou me sentindo muito melhor agora.

Meu sangue gelou.

Eu nunca havia mandado nada para ela.

— E a criada... — Livia engasgou em um soluço, fazendo uma pausa para efeito. — Ela disse que esta criança... era uma maldição.

O quarto caiu em um silêncio mortal.

Depois de alguns segundos, ouvi a voz baixa e resoluta de Caius.

— Livia, você e esta criança são o futuro da família Falcieri. Ninguém vai machucá-la.

— Eu prometo.

As palavras foram seguidas pelo som de um abraço e sussurros suaves e consoladores.

Dez minutos depois, Caius emergiu do quarto.

Seus olhos queimavam com um fogo frio.

Ele me viu parada no corredor e caminhou em minha direção.

— Alessia! — Sua voz era um rosnado baixo e perigoso. — O que você fez com Livia?

— Não fiz nada. — Eu disse, encontrando seu olhar calmamente.

Caius me encurralou contra a parede, suas mãos batendo de cada lado da minha cabeça.

— Você tentou matar meu filho?

— Seu filho? — Eu ri, o som frágil. — Caius, você está realmente tão cego que pensa que esse bebê é seu?

— Do que diabos você está falando? — Ele bateu o punho na parede ao meu lado. — Não tente mudar de assunto.

Olhei para a raiva em seus olhos, um fogo quente o suficiente para me consumir.

Este homem estava completamente cego.

— Não mandei nada para ela. — Eu disse, minha voz perigosamente calma. — Mas você prefere acreditar nas lágrimas dela do que ouvir uma única palavra minha.

— Então por que ela mentiria sobre isso?

— Porque ela precisa de um inimigo para garantir sua posição.

Sua expressão se endureceu em pura fúria.

— Alessia, este é seu último aviso. Livia está carregando o herdeiro Falcieri. Se você ousar machucá-la novamente...

— Você vai fazer o quê? — Olhei diretamente em seus olhos. — Me empurrar para o lado como fez esta noite? Ou apenas me expulsar desta casa de vez?

Ele abriu a boca, mas ficou sem palavras.

Me virei e caminhei de volta para meu quarto, meu quadril ainda latejando com uma dor surda.

Sentada na beira da cama, observei o céu do lado de fora da janela lentamente ficar cinza.

O amanhecer estava chegando.

Abri uma gaveta e peguei um celular descartável novo, não rastreável.

Disquei um número internacional.

— Sou eu. — Sussurrei no fone. — Iniciem o Plano B.

Uma voz baixa e firme voltou do outro lado.

— Entendido, Sra. Ares. Seu novo ateliê em Antuérpia está pronto.
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