Capítulo 4
Quando fui levada às pressas para a clínica do curandeiro da Alcateia, minha respiração estava perigosamente fraca.

Felizmente, a intervenção médica a tempo salvou a minha vida.

Meu irmão estava ao lado da minha cama, concentrado em confortar a mulher chorosa em seus braços.

— A culpa é minha. — Soluçou Selene, enterrando o rosto no peito dele. — Se eu não a tivesse forçado a comer tanto, ela não teria entrado em choque.

— Não chore, isso não é culpa sua. — Ele murmurou, acariciando o cabelo dela. — Ela é quem foi imprudente. Sabia que seu estômago era fraco, mas ainda assim comeu sem cuidado.

Hum.

Então a culpa era minha, afinal.

— Você acordou, Skye! — Exclamou Selene, enxugando as lágrimas e se virando para mim com uma surpresa exagerada. Seu rosto se iluminou com uma preocupação visivelmente fingida enquanto se aproximava da minha cama.

Meu irmão falou antes que ela pudesse me alcançar.

— Por que não nos contou que não estava se sentindo bem? Por que insistiu em comer quando sabia que não deveria?

— Eu disse que não podia comer. — Sussurrei. — Mas quando recusei, você ficou zangado.

Minha resposta parecia deixá-lo ainda mais irritado.

— Você está fazendo isso de propósito, não está? — Seus olhos se estreitaram. — Acha que se fazer de vítima vai me deixar culpado? É assim que quer se vingar de mim?

Eu não entendia por que meu irmão continuava me interpretando mal.

Balancei a cabeça freneticamente, sem saber o que tinha feito de errado, mas meu tempo no centro de reabilitação me ensinou que sempre deveria admitir a culpa para evitar punições.

— A culpa é minha. — Disse com a voz trêmula. — Mas eu não quis, por favor, por favor, não fique zangado.

— Você… — Meu irmão me encarou, respirando fundo. Então agarrou a mão de Selene e saiu furioso, claramente irritado. Ele nunca voltou para me ver.

Após dois dias na clínica, eles exigiram pagamento.

Mas eu não tinha dinheiro.

— Posso ligar para alguém da minha família, por favor? — Perguntei timidamente.

O curandeiro ergueu uma sobrancelha surpreso.

— Claro.

Meu irmão não atendeu, nem na primeira ligação, nem na décima.

O curandeiro que me tratou ficou visivelmente impaciente ao me ver tentar repetidamente.

— E as suas contas médicas? — Perguntou, por fim.

— Vou pagá-las. — Prometi, embora não conseguisse a encarar. Meu rosto ardia de vergonha.

Passou mais um dia.

Ainda não consegui contatar meu irmão, e a equipe da clínica voltou a pressionar pelo pagamento.

— Você não está tentando evitar pagar ficando aqui indefinidamente, está? — O chefe dos curandeiros perguntou rispidamente.

— Você parece ser adulta. — Acrescentou outro. — Se realmente não consegue contatar sua família, devemos chamar o Conselho dos Lobisomens para você?

Eu não sabia como explicar minha situação.

— Posso deixar isso como garantia.

— Ofereci.

— Vou para casa, pego o dinheiro e volto para pagar.

O colar de cristal de cura ao redor do meu pescoço foi colocado por minha mãe em seu leito de morte.

Durante aquelas noites insuportáveis no centro de reabilitação, esse colar tinha sido meu único apoio emocional.

Também era a única coisa de valor que eu possuía agora.

O curandeiro aceitou relutantemente meu colar, permitindo que eu saísse.

— É... Nesta direção? — Por alguma razão, minha memória se tornara pouco confiável. Eu continuava me perdendo.

Depois de receber direções da patrulha da alcateia, tropecei várias vezes porque não conseguia me transformar em lobo, levando um dia e uma noite inteiros para encontrar o caminho de volta para casa.

Do lado de fora da porta, tremi no vento frio, mas minha chave não abria a porta da frente.

Não consegui entrar.

Pela janela, os ouvi rindo lá dentro.

— Você gostou do presente? — A voz do meu irmão era terna.

— Esse anel é lindo. — Exclamou Selene. — É um cristal de cura de primeira qualidade! É tão raro.

— Eu o vi na casa de leilões e sabia que você adoraria. — Ele respondeu. — Eu pagaria qualquer preço para ver você feliz.

A maneira como meu irmão olhava para ela, tão gentil, tão amorosa.

Selene aninhada em seus braços, seu sorriso irradiando alegria.

Por um momento, me senti desorientada.

Em todos os aniversários passados, meu irmão preparava meu presente com semanas de antecedência, colocando seu coração na escolha.

Naquela época, ele me olhava com a mesma expressão gentil.

Depois de bater ruidosamente por um tempo que pareceu uma eternidade, meu irmão finalmente abriu a porta.

— Você?! — Ele parecia surpreso. — Por que voltou sem ligar antes?
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