Meu Erro Perfeito
Meu Erro Perfeito
Por: Be Alonskie
PRÓLOGO

A dor da perda.

É, ela é maçante, é terrivelmente destrutiva, e é, sem sombra de dúvidas, uma das piores que já senti em toda a minha vida.

Não me importo com as lágrimas, deixo que elas rolem pelo meu rosto, sem freio, tentando expurgar tudo que está destroçado, mas no fim, é impossível.

Ele se foi.

Carter se foi e tudo que tenho vontade de fazer é partir com ele.

Seria possível?

Haveria alguma chance de me juntar a ele naquele caixão e nunca mais respirar?

Não sei.

— Pequena, nós precisamos ir.

A mão de meu chefe toca meu ombro.

Sinto meu estômago embrulhar com o pensamento de ter que deixar meu eterno amor enterrado ali.

Mas novamente… Há alguma forma de fazer diferente?

— Eu vou ficar um pouco mais. Não se preocupe.

— Como não me preocupar? A chuva está aumentando e logo estará escuro. Preciso que venha comigo, Kalid. Por favor.

Meus ombros caem junto com as lágrimas e mais uma vez me vejo perdida em pensamentos.

Perdida na vida.

Completamente sem rumo e sem saber o que fazer dali em diante.

— Não vou sair daqui! — decreto baixinho, me abaixando para ficar de joelhos na terra remexida que se torna lama.

Agora o corpo dele está lá embaixo, e nada, nada pode mudar isso.

Eu falhei. Falhei com Carter, como jurei nunca mais falhar.

— Pode deixar. Eu levo ela pra casa.

Não quero erguer a cabeça para procurar a voz que se torna "nova" à minha audição, e não preciso de fato fazer isso.

Sei quem se juntou a nós, e sei que o quero o mais longe possível.

— Não sei se é uma boa ideia, Logan.

— Não tem essa de ser ou não. Ela precisa voltar para casa. Eu a levo.

É tão fácil dizer, não é?

É tão simples para aquele filho da puta falar que eu devo retornar para a minha m*****a casa, quando sei que nunca mais vou ouvir a risada de Carter ecoando pelos corredores dela.

Nunca mais vai ter nós dois.

Nunca mais serei inteira.

— Ninguém vai me tirar daqui. Estão me ouvindo? Ninguém. E se você se acha homem suficiente para fazer isso, Logan, eu digo que não é. Você não é homem porra nenhuma.

Me levanto irritada porque sei que quero socar alguma coisa.

Quero poder bater em alguém, culpar uma pessoa, ou simplesmente fazer uma merda muito grande para receber algum tipo de punição.

Isso seria eficaz para dar jeito na dor?

— Eu tentei, de todas as formas, tirar ele de lá com vida.

Seu murmúrio sôfrego não me convence.

— E não conseguiu! Você não conseguiu nem salvar o seu melhor amigo. Acha então que vai conseguir me livrar desses demônios? Você? Logo você?

Minha vontade é de chegar perto de Logan e estapear sua cara, mas com a presença de nosso superior ali, me contento a só lançar um olhar de desprezo e dar as costas para os dois.

Certo. Talvez houvesse algo eficaz para me tirar daquele cemitério.

Talvez, apenas talvez, a presença de Logan fosse tão pior que a morte de Carter, que eu não conseguia ficar perto dele em situação alguma.

Era possível ainda odiá-lo com tanta força? Agora mais do que antes?

De passo em passo vou afundando meus pés na lama do cemitério.

Com pressa, caminho para longe de onde o corpo do meu noivo está agora coberto por terra.

Noivo… Ele me pediu em casamento duas semanas antes do bombardeio. Eu aceitei, mas não pude sequer começar a planejar a cerimônia.

Aqueles malditos terroristas acabaram com tudo, e eu, mais uma vez, falhei.

Agora era pra valer.

Agora eu tinha um motivo real para desistir.

Nada mais fazia sentido, e se algum dia fez, eu não sabia o que significava, nem mesmo como era.

Tinha acabado de perder o amor da minha vida, e não, não queria reagir ao mundo de nenhuma forma.

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