Que desculpa mais ridícula.
Eu encarei Charalambos com desprezo e uma dor que ardia como fogo em meu peito.
— Charalambos, você sabe muito bem que foi a Franza quem causou meu aborto e destruiu minha chance de ter filhos para sempre. Agora você quer que eu perdoe a mulher que matou meu filho, que eu compartilhe meu companheiro com ela e ainda crie o fruto do pecado de vocês dois? Eu não consigo. Se você não aceitar a rejeição, então eu vou até o Rei Alfa e pedirei que ele rompa o nosso vínculo de companheiro.
Com toda a força que me restava, eu arranquei minha mão da dele e me virei, recusando-me a olhar em seus olhos cheios de desculpas vazias.
— Isso é impossível! — Charalambos gritou, sua voz carregada de desespero.
— O seu filho morreu. O que aconteceu ficou no passado. Franza já pagou pelo que fez, e você precisa parar de carregar tanta mágoa.
Eu fiquei paralisada, incapaz de acreditar no que acabara de ouvir. Ele estava mesmo defendendo Franza?
Nesse momento, Franza, como se soubesse que precisava reforçar sua atuação, se jogou contra o corpo de Charalambos, encostando-se nele como uma vítima frágil. Seus olhos estavam cheios de falsidade enquanto me encarava, fingindo arrependimento.
— Irmã, por favor, não fique assim. Eu sei que errei no passado, mas já me arrependi tanto. Me perdoa, por favor! Se você ainda está com raiva de mim, então...
Ela hesitou, os olhos brilhando com uma ideia maquiavélica. De repente, ela pegou uma adaga que estava sobre a mesa e a apontou para o próprio ventre.
— Eu me mato para compensar o meu erro!
Charalambos foi mais rápido do que eu poderia imaginar. Ele segurou a adaga antes que ela pudesse fazer qualquer coisa e, com um grito de raiva, ordenou:
— Não seja idiota, Franza!
Mas quando ele olhou para mim, não havia arrependimento em seus olhos. Apenas irritação.
— Francesca, você precisa ser mais compreensiva. Franza ainda é sua irmã. Você deveria ser mais generosa. Você não pode ter filhos, e foi por isso que ela ficou grávida, para criar o herdeiro que você não pode me dar. Vocês têm o mesmo sangue, Francesca. Esse filho será como seu. Eu sou o futuro Alfa de Alcateia de Luar Oculto, e um Alfa precisa de um sucessor. Você deveria ser grata pelo sacrifício dela.
Eu ri. Uma risada amarga que parecia cortar minha alma.
Para ele, meu filho morto não significava nada. Ele podia simplesmente ter outro e continuar sua vida. Mas para mim, aquele filho era tudo. Ele era insubstituível. E agora ele queria que eu criasse o filho de outra mulher como se fosse meu?
Eu abri a boca para falar algo, mas antes que qualquer palavra saísse, Franza gritou de repente:
— Ah... Meu Deus! Minha barriga... Está doendo!
No segundo seguinte, Charalambos me empurrou como se eu fosse um obstáculo insignificante, pegou Franza nos braços e correu em direção ao hospital.
Eu caí no chão, observando os dois se afastarem. O riso amargo escapou novamente dos meus lábios, enquanto uma lembrança dolorosa atravessava minha mente. Naquele dia, três anos atrás, quando eu caí junto com Franza, ele também escolheu carregá-la, deixando-me para trás.
Por causa disso, eu fui levada ao hospital tarde demais, e meu filho morreu por conta de uma hemorragia.
Quando o sol começou a se pôr, eu voltei para casa, exausta e destruída. Subi para o quarto com a intenção de trocar de roupa, mas antes que eu pudesse abrir a porta, ouvi uma risada feminina vindo de dentro.
— Você é tão malvado! — A voz sedutora disse, cheia de intenção.
A porta estava entreaberta. Eu empurrei-a com cuidado, e a cena que encontrei me fez sentir nojo até o fundo da alma.