Ana Luiza Martinelli
A manhã já estava bem avançada quando Rafaela entrou na sala com a sutileza de um furacão.
— Ex-cunhadinhaaa! — ela entrou gritando.
Estava concentrada em uma planilha e nem tinha percebido a aproximação até sentir o perfume doce invadir a sala.
— Fala baixo, Rafa!
Mas era Rafaela. E, quando se tratava dela, a discrição era uma palavra que simplesmente não existia em seu vocabulário.
— Ai, desculpa — ela disse, abaixando ligeiramente a voz, mas com aquele sorriso enorme no rosto. — Eu só vim trazer isso aqui — e colocou um embrulho colorido em cima da minha mesa. — Um presentinho para o meu sobrinho favorito!
Olhei o embrulho com carinho, já imaginando que ela tinha exagerado como sempre. Com Rafa, tudo era em tamanho família. Peguei o presente e dei uma olhada rápida. A embalagem era linda, cheia de estrelinhas e com uma fita azul-marinho impecavelmente amarrada.
— Rafa, você não precisava… — comecei a dizer.
— Eu *quero*! — ela me interrompeu, colocando a mão na