Assim que ouvi a gritaria, saí correndo voltando até as cadeiras onde eu havia deixado a Charlie quietinha e de repente, me deparei com algumas pessoas em volta dela.
—Filha...- Chamei me abaixando até ela, vendo-a completamente assustada, com um semblante de medo.
Naquele instante, me virei e me levantei, encarando o Homem na minha frente.
Ele era rude, a atitude grotesca o escondia completamente a beleza que possuía. – Beleza na qual, não me era estranha.
Mas nada vinha em minha mente para justificar de onde eu o conhecia. – Ignorei esse sentimento o encarando com um olhar firme.
—Por que está gritando com uma criança, dessa forma? Olha como a deixou assustada. – Falei com um tom exaltado o vendo vincar as sobrancelhas.
—Essa é a sua filha? Por que a trouxe para um ambiente de trabalho? Por acaso acha que aqui é algum playground? – Perguntou ele com um tom de voz alterado, apontando o dedo para mim —Volte para casa e brinque com a sua filha. Está demitida!
—Demitida? – Perguntei incrédula, mas antes que eu continuasse a falar, um Homem se aproximou dele, falando algo não muito alto, mas o suficiente para que eu pudesse ouvir.
—Senhor Miller, essa é a mulher que lhe enviei as informações por e-mail.
—E daí? Félix, o que ela tem que as outras candidatas não têm? – Perguntou ele, me olhando com fúria nos olhos. —Eu sou David Miller e posso ter quem eu quiser na minha empresa. Ela não entra!
—Senhor... – Félix se aproximou um pouco mis dele e falou entre dentes. —Ela é a mulher que tem uma formação acadêmica de alto nível. O próprio professor dela nos indicou.
—Eu não me importo. Procure outra da mesma classe que ela e dobre o salário. – Disse ele, fazendo menção de sair.
—Idiota! – Resmunguei baixo o suficiente para que Charlie não ouvisse, mas ele sim.
E então, Félix me olhou, sorrindo sem-graça entredentes e o seguiu, fazendo com que David parasse.
—Senhor Miller, por favor espere! – Disse ele entrando na frente do chefe. —Pense comigo... Ela tem uma filha e isso só vai melhorar a nossa imagem. Seremos considerados uma empresa flexível e que apoia a família.
David se calou. Arqueou uma sobrancelha e me encarou.
—Continue...
—Senhor, estamos prestes a fechar um grande negócio com uma empresa familiar grande. Se mostrarmos sermos contrários aos rumores por aí, só fará com que adiantem o processo.
Ele franziu
levemente a sobrancelha.Félix não parou aí com seus argumentos.
—Fora que, três secretárias se demitiram nesse mês e não temos nenhuma tão qualificada candidatada a vaga. O senhor vai precisar dela. Olhe para ela, até a filha dela pode ajudar com uma boa publicidade.
Félix parecia ter usado os argumentos corretos para o persuadir. David o olhou por um tempo como se analisasse com cautela o que estava ouvindo.
David ajeitou seu paletó, guardou as mãos dentro dos bolsos da calça, voltando a sua antiga pose de poder e hierarquia.
Ele me olhou nos olhos exibindo os verdes felinos e arqueou uma sobrancelha, respirando fundo, como se estivesse fazendo o maior dos esforços para me ter por perto.
—Senhorita Carter, vamos esquecer esse episódio e irmos ao que interessa. – Disse ele apontando para o elevador. — Me acompanhe por gentileza. Eu farei a sua entrevista.
—Eu não vou! – Falei o encarando com raiva, o vendo frear os pés no chão e me olhar com os olhos escurecidos.
—O que disse? – Perguntou ele, tentando controlar a raiva.
—Eu disse que não vou aceitar! Me recuso a trabalhar com uma pessoa desumana como você!