Algumas semanas se passaram desde que deixamos o hospital.
A casa onde estávamos agora era simples, mas acolhedora — um refúgio improvisado na cidade, afastado o suficiente para que David pudesse continuar sua reabilitação sem ser incomodado.
O som da chuva havia sido substituído pelo som das cordas do saco de box balançando; esse era o novo passatempo de David.
Ele estava na garagem transformada em academia, com o corpo coberto de suor, o tronco nu, as faixas presas firmemente nas mãos.
O som seco dos golpes preencheu o espaço, misturado à respiração controlada e ao impacto do couro sendo atingido.
Cada soco carregava um sentimento. A raiva, a dor e as lembranças.
Talvez tudo isso junto.
Eu estava na cozinha, preparando a medicação dele, e podia ouvia cada golpe vindo da garagem.
Era impossível ignorar.
Peguei a bandeja com os remédios e uma garrafa com água. Respirei fundo e caminhei até lá.
A cena era completamente atraente.
David esmurrava o saco de boxe com força, colocando tudo